O fluxo migratório do Afeganistão divide a União Europeia

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A perspetiva do fluxo migratório do Afeganistão divide os líderes europeus, enquanto se multiplicam os apelos ao não repatriamento de afegãos

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Continuam a ser milhares os que tentam sair do Afeganistão. A perspetiva de uma vaga de migrantes do país está a criar divisões no seio da União Europeia. Repete-se o cenário de 2015. Sem uma política migratória comum, cada estado tem o seu entendimento sobre a questão, como refere o professor de Relações Internacionais, Francesco Strazzari, da Escola Universitária Superior de Sant'Anna, em Itália.

"Todos querem partir. Abrir corredores humanitários não é fácil, pois isso implicaria entrar em negociações com os talibãs, o que significa dar-lhes reconhecimento político e muitos países não querem fazer isso, o que explica porque há posições diplomáticas contraditórias sobre o assunto".

Para atenuar o impacto sobre a Europa, a chanceler alemã, Angela Merkel, defende que o ocidente deveria prestar ajuda aos países vizinhos do Afeganistão para lidarem com um novo fluxo de migrantes.

E embora a evacuação dos nacionais continue a ser a prioridade de cada país - o Primeiro-Ministro italiano Mario Draghi advertiu que a cooperação entre os países da UE no acolhimento dos cidadãos afegãos e na proteção dos seus direitos será uma necessidade.

"O espetro é o da chamada crise dos refugiados de 2015 ... Nessa altura, fortaleceu a extrema-direita alemã e teve um 'custo' eleitoral considerado demasiado elevado pelas consequências políticas para os líderes democratas liberais. Mas, agora os países europeus parecem estar muito divididos em relação à questão: do Orban da Hungria - dizendo que não quer pagar os erros cometidos pelos EUA - aos grupos políticos de extrema-direita da Itália, que há muito debatem sobre a crise migratória", refere o professor Francesco Strazzari.

De acordo com o Instituto Italiano de Estudos Políticos Internacionais, desde 2008, os países europeus já processaram 600.000 pedidos de asilo. 290.000 deles foram recusados e mais de 70.000 cidadãos afegãos foram repatriados. Isto resultou num grande número de cidadãos afegãos que ainda vivem na Europa sem proteção. A Human Rights Watch em conjunto com várias ONG apelou aos países europeus para que suspendam os repatriamentos forçados para o Afeganistão.

A diretora adjunta da Human Rights Watch, em Washington, Andrea Prasow, afirma: "Algumas pessoas concordaram em não deportar pessoas para o Afeganistão, mas literalmente isso é o mínimo que poderiam fazer. O que precisamos é de um compromisso firme para ajudar nas evacuações e nas instalações. A reinstalação não é uma questão de curto prazo. As pessoas estão a fugir para o refúgio imediato, mas precisarão de algum lugar para viver possivelmente durante muito tempo".

O comissário europeu para os Assuntos Internos também desencoraja os regressos forçados ao Afeganistão. De acordo com relatos nos média italianos, a Itália, que detém a presidência do G20 este ano, está a tentar organizar uma cimeira extraordinária do grupo para discutir a crise em curso no Afeganistão.

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