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Requerentes de asilo: a República de Chipre numa encruzilhada

Requerentes de asilo: a República de Chipre numa encruzilhada
Direitos de autor euronews
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De  Julian GOMEZ
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Um número significativo de requerentes de asilo chegou à República de Chipre este ano. Esta chegada em massa, especialmente até esta primavera, desencadeou um debate sobre os limites da receção no país. A Euronews Witness viajou até lá.

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Muitas pessoas em Chipre temem que a chegada de migrantes, na sua maioria muçulmanos, traga não só questões socioeconómicas e de segurança, mas também represente uma ameaça identitária, demográfica e até existencial do país, cujo norte está ocupado pelo exército turco desde 1974.

"A população de Chipre é de cerca de 800.000 pessoas. Se tivermos 250.000 estrangeiros aqui, isso significa que 25% ou 30% da população são estrangeiros. Se não os podemos mandar embora por causa das políticas da União Europeia, isso significa que, num período de dez anos, à medida que trazem as mulheres e os filhos, eles vão ser mais de um milhão. Vamos transformarmo-nos no Líbano. Queremos continuar a ser cipriotas gregos aqui em Chipre", disse Christakis Meleties, Presidente da Câmara de Kokkinotrimithia.

Presidente da Câmara de Kokkinotrimithia.
Presidente da Câmara de Kokkinotrimithia. Euronews

"Todos os dias ouvimos que alguém morreu"

O Câmara está próxima do Centro de Primeira Receção de Pournara, o local que acolhe os imigrantes assim que chegam à República de Chipre.

"Todos os dias ouvimos que alguém morreu. Alguém foi assassinado. Alguém morreu. Alguém foi assassinado. Alguém foi atingido por bomba. Deixei isso para obter direitos, paz e liberdade. Tenho sonhos. Tenho um futuro", disse um requerente de asilo de 18 anos que fugiu do Iémen.

Requerentes de asilo
Requerentes de asiloEuronews

Os requerentes de asilo com pedidos válidos são então enviados para um segundo campo na aldeia de Kofinou, no sul.

Neste campo, cerca de 800 residentes recebem alojamento, alimentação, educação, medicamentos, dinheiro de bolso e podem sair livremente durante o dia.

Em resposta às recentes chegadas massivas de sírios, o campo está a ser ampliado. O Governo também suspendeu durante 14 meses a análise de todos os pedidos de asilo de cidadãos sírios.

Uma vez fora do campo, os requerentes de asilo recebem um subsídio mensal e são incentivados a integrar-se. Mas, numa tentativa de evitar a chegada de mais pessoas, o Governo proíbe-os de procurar emprego durante nove meses após a sua chegada.

Os recém-chegados não podem trabalhar

Sem empregos legais ou redes familiares, muitos dependem de centros de caridade para obter roupas ou material escolar.

"Toda a gente assume que, porque a maioria dos migrantes tem telemóveis e  telefones inteligentes, há muita informação, eles sabem tudo. Mas não sabem, porque os traficantes ou pessoas ao longo do caminho dão-lhes informações erradas, incluindo a ideia de que se tiverem um filho em Chipre ou na União Europeia, essa criança recebe automaticamente residência ou cidadania da UE, o que não é verdade", explica Elizabeth VV. Kassini, diretora executiva da Caritas Chipre.

Elizabeth Kassini, diretora executiva da Caritas Chipre
Elizabeth Kassini, diretora executiva da Caritas ChipreEuronews

Um problema religioso

A Igreja Ortodoxa de Chipretem uma posição muito clara sobre a imigração: acusa a Turquia de tentar alterar a demografia do país. "A maioria deles (requerentes de asilo) tem outra religião. Isto também afeta a nossa sociedade. Também é um facto que somos um lugar com bastantes problemas já, e não podemos ser sobrecarregados com uma percentagem tão grande de pessoas estrangeiras a virem para cá", disse o Arcebispo Georgios, líder espiritual da Igreja Ortodoxa de Chipre.

Arcebispo Giorgios, líder da Igreja Ortodoxa de Chipre
Arcebispo Giorgios, líder da Igreja Ortodoxa de ChipreEuronews

Sob pressão da Igreja, da extrema-direita e do crescente descontentamento social, o Governo trabalha para aumentar os retornos voluntários. Chipre é o quarto país da UE com mais retornos voluntários, diz o Ministro do Interior, Konstantinos Ioannou, que quer ir mais longe.

"Acreditamos fortemente que devemos combater a imigração ilegal, porque pensamos que os estados-membros devem decidir, de acordo com a lei internacional, quem pode atravessar as fronteiras, e não os grupos de contrabandistas e traficantes", explicou Ioannou.

Konstantinos Ioannou, Ministro do Interior do Chipre
Konstantinos Ioannou, Ministro do Interior do Chipre Euronews

Dados oficiais mostram que até 96% dos pedidos de asilo vão acabar por ser recusados.

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