Parlamento Europeu aprova recomendação inédita com duras critícas ao governo do presidente russo
Estalou o verniz diplomático no Parlamento europeu. Esta quinta-feira, mais de 70 por cento dos eurodeputados votaram a favor de uma recomendação que considera que a Rússia de Vladimir Putin é "a maior ameaça à segurança europeia". 494 parlamentares validaram um texto que deixa pouca margem para entrelinhas e considera que o regime do atual presidente russo "é uma cleptocracia autoritária que não evolui" apoiada num "círculo de oligarcas".
O eurodeputado lituano do Partido Popular Europeu (PPE) Andrius Kubilius foi o relator da recomendação da Comissão de Negócios Estrangeiros que submeteu o texto para a aprovação. Nas suas palavras, "existe uma espécie de conflito tectónico entre a Rússia antidemocrática e a Europa, e a Rússia do presidente Putin está a tornar-se a maior ameaça para a segurança geopolítica da Europa".
Para Kubilius, a União europeia deve ter "uma estratégia muito mais clara de como ajudar a Rússia a transformar-se ". "Penso que a história nos ensina que a Rússia também é efectivamente um país europeu e que o povo russo pode fazer uma transformação da Rússia de volta à democracia", afirma.
Mais de dois terços dos eurodeputados assinam por baixo e recomendam, entre outras medidas, que União Europeia tome medidas urgentes para reduzir a dependência energética da Rússia e reforce a capacidade de impor sanções ao governo de Putin.
Moscovo já veio dizer que se os 27 adoptarem a recomendação do Parlamento Europeu, as relações bilaterais vão degradar-se e vai haver uma resposta.
Este fim de semana a Rússia vai a votos. Eleições para escolher o novo parlamento depois de algumas semanas de campanha e meses de várias manobras que silenciaram a oposição.
Não se espera que a Rússia Unida, o partido de Vladimir Putin, perca a maioria na Duma, a Câmara Baixa do Parlamento. Falta apenas saber se mantém os actuais dois terços que lhe permite alterar a constituição.