Transição de regime marcada pela violência sucessiva em Jalalabad.
Por estes dias, ser mulher e sair às ruas de Cabul em protesto pelo direito ao trabalho e à escola, parece um exercício quase impossível. E, no entanto, dezenas de mulheres afegãs vieram desafiar o novo regime talibã que acusam de simplesmente as erradicar da vida pública.
"Segundo o Islão, as mulheres têm mais direitos. Porque é que nos estão a tirá-los? As escolas para mulheres têm de voltar a abrir. As mulheres têm de voltar ao trabalho. Têm de voltar a trabalhar como antes. Não pedimos nada mais. Precisamos dos nossos direitos humanos", dizia uma manifestante.
A ver pelas palavras do novo autarca de Cabul, o caminho não parece ser esse. Molavi Hamdullah Nomani declarou que só as mulheres que preencham cargos municipais que não possam ser assumidos por homens é que podem regressar à atividade.
As escolas secundárias passaram a ser terreno interdito a raparigas. E o Ministério dos Assuntos Femininos deu lugar ao da Promoção da Virtude e da Prevenção do Vício.
A transição passou agora a ser marcada pela violência. Um atentado à bomba matou quatro pessoas, incluindo dois talibãs, em Jalalabad, o segundo ataque mortal nesta cidade no espaço de 24 horas.