Rrefugiados do St. Ambroeus FC competem pela integração

Sessão de treino da equipa do St. Ambroeus FC
Sessão de treino da equipa do St. Ambroeus FC Direitos de autor Euronews
De  Francisco MarquesLuca Palamara
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Clube dos campeonatos amadores italianos está a dar um exemplo de acolhimento ao mundo, num país onde o racismo ainda está muito presente

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Um pequeno clube desportivo de Milão está a dar um exemplo de integração ao mundo. O St. Ambroeus FC foi fundado há cinco anos e tem uma equipa de futebol sénior composta por imigrantes, requerentes de asilo e refugiados.

A equipa assume-se como o primeiro projeto do género afiliado à Federação Italiana de Futebol, entidade que tem vindo a ser atingida por diversos casos de racismo ao mais alto nível.

Ainda no último domingo (3 de outubro), alguns jogadores profissionais do Nápoles foram alvos de insultos racistas durante a visita à Fiorentina, que acabou com o triunfo (1-2) dos visitantes, em jogo a contar para a "Serie A".

O caso levou mesmo a uma reação de Giorgio Chiellini, experiente defesa de 37 anos da Juventus e da seleção italiana.

"Precisamos de leis e regras que sejam aplicadas, isso é o mais importante. Como italiano e toscano, fiquei envergonhado, mas também porque não para mim a Itália não é um país racista", afirmou Chiellini.

O diretor desportivo do St. Ambroeus FC espera conseguir contribuir para erradicar o racismo e não apenas do futebol italiano.

"Somos uma equipa multiétnica de futebol amador e tentamos ser uma referência social e desportiva na cidade de Milão. Utilizamos futebol como meio de integração, socialização, partilha e conhecimento.

Acima disso tudo, também como uma forma muito válida para combater o racismo"
Daniele Raduazzo
Diretor desportivo do ST. Ambroeus FC

O Saint’Ambroeus nasceu no pico da crise de migrantes na Europa, que teve (tem) em Itália um dos principais epicentros. Tem por missão dar aos imigrantes, aos requerentes de asilo e aos refugiados a oportunidade de se integrarem na sociedade italiana.

Desde o início, porém, o clube tem vindo a remar contra as leis italianas da imigração devido à dificuldade em conseguir documentos de identificação que permitam aos imigrantes acesso a uma casa, ao trabalho e até a pertencerem a um clube desportivo.

"Se por um lado a Federação está muito entusiasmada em acolher-nos, por outro lado nós temos de lidar com leis que vão além da federação. Leis que nos últimos 30 anos moldaram a abordagem do Estado ao fenómeno migratório. São leis repressivas e liberticidas", defende Davide Salvadori, o presidente do St. Ambroeus FC.

"Quando estão em campo, estes migrantes deixam de ser motoristas ou seguranças e passam a ser defesas ou avançados das suas equipas. Já não são refugiados. São futebolistas a defender as cores de uma equipa", resume Luca Palmara, correspondente da Euronews em Itália, em pleno relvado, durante uma sessão de treino do St. Ambroeus FC.

Em campo, Luca Palamara encontrou Issa Doumbia. O futebolista imigrante explicou-nos um pouco melhor o balneário da equipa deste clube amador milanês: "Aqui temos negros e brancos. Brancos com negros. Há pessoas do Mali, do Senegal, da Guiné ou dos Camarões. Há muitas nacionalidades, inclusive um marroquino. Jogamos todos juntos."

O St. Ambroeus FC assume um papel importante na comunidade onde se integra e até na própria cidade de Milão.

Imigrantes e refugiados partilham o balneário com italianos e podem inclusive ter acesso a aulas de italiano para acelerar o processo de integração.

Este projeto para imigrantes com antecedentes complicados representa a essência do que se espera, por comparação, dos projetos de futebol de formação: incutir a partilha, o espírito de equipa e de pertença, e formar adultos responsáveis.

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