O Japão comprometeu-se a difundir tecnologias de baixo carbono em todo o mundo e a apoiar os países em desenvolvimento.
O Japão está a cooperar com vários países em desenvolvimento para implementar tecnologias de baixo carbono que permitem reduzir as emissões de gases com efeito estufa.
A euronews visitou uma fábrica que produz 250 mil toneladas de sal por ano e que conseguiu reduzir a pegada de carbono em 25%, no âmbito de um projeto de cooperação com o Japão.
Hoje em dia, a empresa Krystalline Salt possui um dos maiores sistemas industriais de produção de energia solar do Quénia. Financiada pelo Japão, a central solar fornece anualmente 1,6 GWH de eletricidade, o que permite à empresa continuar a laborar quando há falhas na rede elétrica local.
"O nosso principal desafio é a estabilidade da energia elétrica. Pode haver até cinco cortes de energia por dia e isso perturba a nossa produção e por causa disso não éramos capazes de dar resposta à procura", disse à euronews Dinesh Shikotra, gerente da empresa.
A instabilidade da rede elétrica local obrigou a empresa a investir em geradores de energia extremamente poluentes e dispendiosos. A situação mudou em 2016, ano em que a central solar foi construída.
“O nosso sonho era aproveitar a energia solar. Soubemos do acordo entre o governo do Quénia e o Japão sobre um mecanismo de crédito conjunto. Trabalhámos com os japoneses. Eles ajudaram-nos a obter financiamento para instalar esta magnífica central solar", afirmou o responsável.
A cooperação entre o Japão e dezassete países em desenvolvimento
O Japão lançou um programa de cooperação bilateral com dezassete países em desenvolvimento. O chamado crédito conjunto faz parte do mecanismo do mercado de carbono. Uma iniciativa alinhada com o acordo de Paris que permite ao Japão partilhar com outros países tecnologias e recursos que facilitam a neutralidade carbónica.
“Trata-se de apoiar projetos de desenvolvimento de sistemas de baixo carbono, por meio da transferência de tecnologias e da melhoria das competências técnicas. É uma das formas pelas quais o setor privado e o próprio governo podem favorecer uma economia de baixo carbono, e ao mesmo tempo apoiar o crescimento industrial", afirmou Anne Nyatichi Omambia, responsável da Autoridade Nacional de Gestão Ambiental.
A central solar permitiu à empresa queniana aumentar a capacidade de produção e economizar na conta da eletricidade. Uma parte das economias realizadas é investida em ações sociais, como bolsas de estudo.
“Desde a implementação da central em 2016, economizámos cerca de cinco mil toneladas de emissões de carbono. E conseguimos criar mais empregos para a comunidade local. Foi muito positivo para nós", concluiu o responsável da empresa.
Lanternas solares para os alunos estudarem em casa à noite
David Nkurruna anda na escola e vive numa localidade que não se encontra ligada à rede elétrica. Graças a uma lanterna solar pode agora estudar em casa à noite. É uma das iniciativas do programa "Light Up The Future" da gigante tecnológica japonesa Panasonic, na região de Masai, no Quénia.
“Quando usávamos lenha e lâmpadas de querosene, era muito difícil estudar por causa do fumo. Quando recebemos estas lanternas, as minhas notas na escola subiram porque eu conseguia estudar melhor", afirmou o estudante queniano de 15 anos.
Os trezentos e cinquenta alunos do ensino básico da escola de Ilkimati receberam uma lanterna solar. A iniciativa já produziu resultados. Houve uma redução do abandono escolar e uma melhoria do desempenho dos estudantes.
“Houve um aumento do número de inscrições na escola, mas um dos impactos concretos deste projeto foi também a melhoria do desempenho e a redução do absentismo porque as crianças, que não terminavam os trabalhos de casa, não iam à escola porque tinham medo de ser castigadas", explicou Lawrence Nzai, representante da organização World Vision, no Quénia.
Painéis solares nas escolas permitem aulas à noite
Como parte do projeto, a escola de Ilkimati foi equipada com painéis solares, o que permitiu aumentar o número de salas de aulas. “Antes não possuímos a energia. Agora como temos energia, aqui na escola, os alunos podem frequentar as aulas noturnas. Todas as noites têm uma aula e depois vão para casa", contou Purity Koikai, professora do ensino primário em Ilkimati.