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Requerentes de asilo numa ratoeira entre a Polónia e a Bielorrússia

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De  Valérie Gauriateuronews
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Varsóvia e Bruxelas acusam a Bielorrússia de empurrar os migrantes na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia em retaliação às sanções da UE.

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Depois das sanções europeias impostas `a Minsk devido às graves violações dos direitos humanos no país, há uma nova crise humanitária na fronteira entre Bielorrússia e a União Europeia.

Os líderes europeus acusam o governo do presidente Aleksander Lukashenko de estar a empurrar milhares de migrantes para os países vizinhos do Leste Europeu, como forma de retaliação às sanções da UE. Face à situação, os países da Europa de Leste fecharam as fronteiras. Um conflito político que transformou as fronteiras orientais da União Europeia numa armadilha por vezes mortal para milhares de requerentes de asilo.

A correspondente internacional da Euronews, Valerie Gauriat, esteve na Polónia para testemunhar a situação das pessoas e ouvir a população local.

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Valérie Gauriat, jornalista da euronewseuronews

Zona proibida trava passagem de migrantes

Entre a Polónia e a Bielorrússia, há uma zona proibida. Ninguém pode entrar, exceto a polícia e os residentes. A área foi selada em setembro para travar milhares de requerentes de asilo que tentavam chegar à União Europeia. Por isso, a zona tornou-se numa armadilha por vezes mortal. Varsóvia e Bruxelas acusam a Bielorrússia de empurrar os migrantes na fronteira em retaliação às sanções da UE.

Jornalistas e representantes das ONG estão proibidos de entrar na zona de exclusão que se estende por mais de 400 quilómetros. A euronews falou com ativistas que são hoje as únicas pessoas que tentam ajudar os requerentes de asilo presos na floresta. "Vamos tentar levar comida, sacos de cama e roupas. Queremos dá-las a um homem que nos contactou. Vamos deixá-las na floresta para não encontrarmos as pessoas porque elas têm medo", disse à euronews uma ativista polaca.

Há vários relatos de violência. "Caminhávamos à noite, Não nos deixavam acender uma fogueira para nos aquecermos. Eles disseram: voltem para a Polónia! Há um homem gravemente ferido. Ele tinha um disco deslocado Na Bielorússia bateram-lhe nas costas com um pau. Os soldados espancaram-no", relatou um homem que afirma ter fugido da repressão na Síria.

Presos entre guardas dos dois países

Os migrantes contaram à euronews que voaram para a Bielorrússia com vistos de turista e que foram conduzidos até à fronteira polaca na esperança de chegar à União Europeia. Em vez disso, ficaram presos entre os guardas dos dois países durante sete dias. "Havia crianças sem comida, nem água. Tentei voltar para Minsk, saltei o muro. Bateram-me com um pau. Eles têm cães. Eles bateram neste grupo inteiro e diziam: 'vão para a Polónia'. Se nós não estivéssemos a ser usados como forma de pressão, a Bielorrússia teria impedido a nossa entrada. Estamos sempre a ser usados pelos ocidentais, pelos americanos, pelos russos e pelos árabes", afirmou um dos homens que espera poder pedir asilo na Europa.

No terreno, ativistas polacos tentam ajudar os requerentes de asilo. "Vamos tentar ajudá-los e dar-lhes apoio judicial. Esperamos que não sejam empurrados para a Bielorrússia. É a nossa esperança", disse à euronews Marianna Wartecka, ativista da Fundação Ocalenie.

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Migrantes presos numa armadilha entre os guardas da Polónia e da Bielorrússiaeuronews

Nova lei polaca permite repressões arbitrárias

A Polónia está no radar das Nações Unidas e da União Europeia devido a uma nova lei que pemite repressões arbitrárias. Varsóvia diz que os migrantes não querem asilo na Polónia, mas na Alemanha, e estão a ser usados pela Bielorrússia em retaliação às sanções ocidentais. Minsk suspendeu um acordo com Bruxelas para aceitar de volta os migrantes. Pelo menos sete migrantes terão morrido na chamada área de exclusão.

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Konrad Sikora, vice-presidente da câmara de Michalovoeuronews

População polaca solidária com estrangeiros

A população local está preocupada. A cidade polaca de Michalovo abriu um centro de ajuda para estrangeiros no edifício dos bombeiros. Todos os dias, pessoas de todo o país enviam doações. O vice-presidente da autarquia de Michalovo lançou uma campanha na internet para obter fundos. Ele diz que a decisão do governo de erguer um muro na fronteira não vai ajudar a melhorar a situação. E teme que haja violência na fronteira se não se encontrar uma solução.

"Podem construir um muro de seis metros. Eles trazem uma escada de sete metros. O muro não é a solução. Para mim, há uma forma simples de resolver isto. Basta criar um campo de refugiados. Aqui na fronteira. Deixá-los entrar, dar-lhes comida e roupas. E perguntar-lhes: 'querem asilo ou não?' 'Têm direito a asilo ou não?' Se não, devem ser levados, de avião ou autocarro para casa, não para a Bielorrússia. É tão simples quanto isto", explicou à euronews Konrad Sikora, vice-presidente da autarquia de Michalovo.

Alguns residentes de Michalovo colocaram luzes verdes nas janelas para mostrar solidariedade com os migrantes. "Em breve são dez horas da noite. Não conseguimos imaginar o que vai acontecer. Toda a gente ficada calada e acusa Lukashenko. Sim, ele é culpado, mas o que faz o nosso governo para ajudar a resolver a situação? Ninguém nos está a ajudar!", considerou Aleksander Ancipiuk, residente de Michalovo.

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Maria e Aleksander Ancipiuk, residentes de Michalovo solidários com os migranteseuronews
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