Polónia tenta aguentar a pressão de milhares de migrantes

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Direitos de autor Leonid Shcheglov/BelTA / AP
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De  Francisco Marques
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Alemanha pede mais apoio europeu às forças polacas e Comissão Europeia mais pressão sobre a Bielorrússia. Lukashenko rejeita acusações de orquestrar pressão humanitária

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cada vez mais migrantes na Bielorrússia, junto à fronteira com a Polónia, a pressionar para entrarem na União Europeia, numa altura em que as condições são cada vez mais adversas na região.

O bloco europeu responsabiliza o regime de Alexander Lukashenko de estar a orquestrar esta nova pressão humanitária sobre as fronteiras externas dos "27".

Um acampamento terá sido já improvisado no lado bielorrusso, perto do posto fronteiriço polaco de Kuźnica, onde os migrantes ávidos de entrar na União Europeia são vigiados pelas forças afetas a Minsk, denunciou o ministro da Defesa polaco, Mariusz Błaszczak.

O governo de Varsóvia estima haver já mais de três mil migrantes junto à fronteira e denunciam "táticas inaceitáveis" do governo bielorrusso para facilitar a chegada de ainda mais pessoas à fronteira para forçar a entrada na União Europeia.

A Polónia reforçou a segurança da fronteira com cerca de 12 mil soldados e mais podem ser mobilizados, se houver necessidade, garante o ministro da Defesa.

Mariusz Błaszczak disse já ter sido travada uma primeira tentativa de violação das barreiras e de travessia ilegal, admite estar à espera de novas tentativas e acusa o regime de Alexander Lukashenko de orquestrar esta pressão na fronteira polaca em resposta às sanções europeias à Bielorrússia.

"Há três mil ou quatro mil pessoas junto à fronteira da Polónia. Em toda a Bielorrússia, há milhares de pessoas prontas para atravessar a fronteira para a Polónia. Ao mesmo tempo, os nossos serviços informaram-nos de que estão a ser organizadas a toda a hora viagens de países árabes, provocando um aumento do número de pessoas na Bielorrússia à espera de atravessarem a fronteira para a Polónia", afirmou Piotr Muller, o porta-voz do governo polaco.

Já esta manhã, o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki e o ministro da Defesa reuniram-se em Kuźnica com oficiais da polícia polaca, da guarda fronteiriça e dos militares mobilizados para defender a fronteira com a Bielorrússia.

Horas antes, ainda noite de terça-feira, a Alemanha expressou um apelo à União Europeia para ajudar a Polónia a gerir este novo fluxo de milhares de migrantes, que continua a crescer e a aumentar a pressão sobre esta fronteira externa dos "27".

Ao mesmo tempo, também a presidente da Comissão Europeia apelou aos Estados-membros para aumentar a pressão sobre a Bielorrússia, "aprovando o agravar das sanções existentes e impondo sanções a linhas aéreas de países terceiros envolvidas".

Ursula von der Leyen disse ainda ir debater "com as Nações Unidas e as respetivas agências especializadas para prevenir uma crise humanitária de se desenvolver e garantir que os migrantes possam ser repatriados em segurança para os países de origem, com o apoio das autoridades nacionais."

As autoridades bielorrussas têm de entender que pressionar a União Europeia desta forma, através de uma cínica instrumentalização de migrantes, não as vai ajudar a ter sucesso nos seus propósitos.
Ursula von der Leyen
Presidente da Comisão Europeia

Por outro lado, a Polónia e a União Europeia estão a ser também acusadas por grupos de defesa dos direitos humanos de estarem a travar ilegalmente os migrantes.

Os ativistas exigem o cumprimento das leis internacionais e que ninguém seja abandonado.

A ativista bielorrussa pró-democracia, e conhecida opositora de Alexander Lukashenko, Sviatlana Tsikhanouskaya repartilhou um vídeo nas redes sociais onde dá força às acusações de que o regime de Minsk é responsável pelo avolumar de migrantes junto à fronteira com a Polónia.

Com o outono já a meio, as condições meteorológicas na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia são cada vez mais adversas para os migrantes.

Organizações não governamentais estão a apelar à União Europeia para mobilizar assistência humanitária para ajudar as pessoas desfavorecidas que se concentram naquela região sem condições para enfrentar as baixas temperaturas baixas e a habitual chuva.

Outras fontes • AFP, AP

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