Pobreza e fome colocam crianças em risco, principalmente nas zonas rurais
O aumento da pobreza e da fome no Afeganistão dá força a uma das práticas mais polémicas do país: o casamento infantil. A situação sempre foi alvo de críticas e de alertas de organizações internacionais. Com o regresso dos talibãs e a proibição do ensino para raparigas, aumentou o risco para as crianças, principalmente nas zonas rurais do país. Os pais falam em dificuldades e dizem que foram obrigados a vender as filhas
Mohammad Assan vendeu duas filhas. Conta que não as vê há um ano porque não tem dinheiro para o transporte, e que a mãe das crianças “ficou com problemas nervosos por causa dos filhos e de todas estas misérias”.
A família de Kailan vive com menos dificuldades e a venda das filhas é acima de tudo uma tradição. Este pai diz que vendeu a filha Najibeh por 50 mil afeganis. “O marido dela já me deu 25 mil, e quando pagar o resto leva-a com ele”, explica. Há dois anos, Kailan vendeu outra filha por 100 mil afeganis.
Recentemente, a Unicefcondenou o aumento de risco de casamento infantil no Afeganistão. A agência da ONU afirma que “a situação económica extrema no país tem lançado famílias na pobreza profunda forçando-as a fazer escolhas por desespero como dar as crianças em casamento ou obrigá-las a trabalhar”.