Jamie Shea, ex-porta voz da NATO e especialista em estratégia e segurança, partilha com a Euronews o que está em causa para o Ocidente com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
As tensões entre a Rússia e a Ucrânia está já a ter repercussões a Ocidente. Entre a diplomacia e as sanções, parceiros políticos e comerciais posicionam-se para tentar evitar perdas.
Jamie Shea, ex-Secretário-Geral Adjunto da NATO para Desafios de Segurança Emergentes falou com a Euronews sobre o que está em causa neste conflito, nomeadamente da importância da adesão da Alemanha ao pacote de sanções à Rússia.
"Penso que o mais importante é que a Alemanha alinhe com as sanções económicas, porque obviamente a Alemanha faz algum comércio com a Rússia, não só em gás, mas também em tecnologia e bens. E se a Alemanha fizer parte integrante do pacote de sanções, terá obviamente um impacto muito maior sobre o Kremlin. Felizmente, o novo chanceler, Olaf Scholz, confirmou que está disposto a adicionar o gasoduto Nord Stream ao pacote. Isso é o mais importante que a Alemanha tem de fazer, porque, no futuro, vai ser uma fonte de receitas muito importante para a Rússia", defende Shea.
Conselheiros políticos e diplomáticos de quatro países reuniram-se esta quarta-feira em Paris, para desbloquear o processo de paz na região ucraniana de Donbass.
Para o especialista em estratégia e segurança, "estas conversações em Paris entre o Presidente Macron, os russos, os ucranianos e os alemães, o chamado Formato Normandia. pode dizer a Putin "Vamos avançar no que diz respeito a Donbass. Avancemos com algum tipo de descentralização, algum tipo de acordo político, que respeite também os direitos da população de língua russa e a Constituição ucraniana", Putin está sempre a queixar-se de que esse processo foi congelado. Ele não está satisfeito. Por isso, se conseguirmos avançar aí, Putin vai poder dizer que ganhou alguma coisa com o reinício deste processo e que pode parar toda esta ação militar".
À NATO, defende o Shea, cabe encontrar um equilíbrio entre a firmeza na resposta à Rússia e a fuga à provocação.
"O truque aqui é estar preparado para defender o território, mas não necessariamente para enviar tropas imediatamente. Ninguém quer dar a Putin uma espécie de desculpa de provocação a que ele possa recorrer para afirmar que está a defender a Rússia contra alguma ameaça da NATO.