Abusos sexuais na Igreja Católica: Bento XVI pede perdão

Abusos sexuais na Igreja Católica: Bento XVI pede perdão
Direitos de autor Gregorio Borgia/Copyright 2016 The Associated Press. All rights reserved.
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Acusado de inação em casos de abusos sexuais na Igreja alemã, quando era bispo de Munique, o Papa Emérito, Bento XVI, pede perdão e assume "vergonha"

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O Papa Emérito quebra o silêncio sobre os abusos sexuais na Igreja e o seu comportamento enquanto responsável na hierarquia da Igreja Católica. Numa carta lida pelo seu secretário pessoal, Bento XVI afirma:

"Tive grandes responsabilidades na Igreja Católica. Tanto maior é a minha dor pelos abusos e erros que ocorreram nesses diferentes lugares durante o tempo do meu mandato. Em todos os meus encontros, especialmente em várias viagens apostólicas, com pessoas vítimas de abusos sexuais por parte de padres, tenho-me confrontado com as consequências da falta mais grave e tenho vindo a compreender que nós próprios somos arrastados para esta falta grave sempre que a negligenciamos ou não a enfrentamos com a determinação e responsabilidade necessárias, como demasiadas vezes aconteceu e continua a acontecer".

A carta de Bento XVI surge depois de ser conhecido o relatório de uma comissão de peritos, que o acusa de ter tido conhecimento de quatro casos de padres pedófilos quando era arcebispo de Munique e não ter agido.

O Papa Emérito garante que participou em reuniões para a transferência dos padres, mas que nunca foi informado sobre a verdadeira razão.

Uma vez mais só posso expressar a todas as vítimas de abuso sexual a minha profunda vergonha, o meu grande pesar e o meu sincero pedido de perdão
Bento XVI
Papa Emérito

Nesta carta em que faz o "mea culpa", Joseph Ratzinger afirma: "Uma vez mais só posso expressar a todas as vítimas de abuso sexual a minha profunda vergonha, o meu grande pesar e o meu sincero pedido de perdão", sublinhando: "Tive uma grande responsabilidade na Igreja Católica".

Na missiva, Ratzinger começa por defender o trabalho "gigantesco" na elaboração do documento em resposta à investigação que deu aos investigadores na altura e explica que "ocorreu um lapso" sobre a sua participação no Ordinariato - reunião dos bispados de Munique e Freising - a 15 de Janeiro de 1980.

Nessa reunião, de acordo com a investigação, foi discutida a transferência de um padre acusado de abuso de crianças, Peter H., que mais tarde voltou a ser acusado de abuso na arquidiocese de Munique, o que levou a que fosse novamente transferido.

Bento XVI alegou inicialmente que não tinha participado na reunião, mas mais tarde retractou esta afirmação e explicou que se tratava de um erro.

"Este erro, que infelizmente ocorreu, não foi intencional e espero que seja desculpável", escreve o Papa Emérito, que acrescenta ter ficado "profundamente surpreendido" com o facto de a omissão ter lançado dúvidas sobre a sua veracidade e de ter sido mesmo apresentado "como mentiroso", ao mesmo tempo que observa que recebeu inúmeras cartas de apoio e as orações do Papa Francisco.

Bento XVI, que aos 94 anos, tem de se justificar sobre a forma como assumiu as suas responsabilidade na Igreja, conclui a carta dizendo: "Em breve irei enfrentar o juiz final da minha vida. Embora olhando para trás, para a minha longa vida, possa ter muitos motivos de medo e trepidação, estou, no entanto, num estado de espírito alegre porque confio firmemente que o Senhor não é apenas o juiz justo, mas também o amigo e irmão que já sofreu as minhas falhas e é, portanto, como juiz, ao mesmo tempo meu defensor".

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