Abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa não passam ao lado do encontro de 13 de outubro com os fiéis, em Fátima.
Os casos de abuso sexual no seio da Igreja Católica portuguesa não passaram ao lado da Peregrinação de 13 de outubro, a Fátima. Não há "desculpa", reconhecia o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, em conversa com os jornalistas antes das celebrações, mas frisava é preciso considerar que a reação da Igreja Católica, na época, seguiu as regras estabelecidas. Hoje, garantia o bispo José Ornelas, teria sido tudo diferente porque mudou tudo.
Na noite de Fátima, no santuário, as mensagens foram claras e de reconforto: "Vemos, ouvimos e lemos", "não podemos ignorar", palavras da escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner, repetidas pelo bispo Ornelas, enquanto ia acrescentando que a Igreja tem de proteger e ser modelo.
Mas o caminho é longo. A comissão independente criada para averiguar os abusos sexuais contra crianças, no seio da Igreja Católica Portuguesa, já validou mais de 400 testemunhos. O desafio é que a maior parte destes crimes já não podem ser julgados porque, à luz da lei portuguesa, prescreveram. Apenas 17 foram remetidos ao Ministério Público e outros 30 estão a ser analisados. Mas acredita-se que o número de vítimas seja, infelizmente, muito maior.