Pneumologista conselheira do Governo português defende ajuste das medidas ao baixo risco de doença grave. Espanha e Itália começam a libertar-se do uso da máscara
"Estamos numa fase de aliviar restrições, mas com prudência", avisa Raquel Duarte, antiga secretária de Estado da Saúde e atual conselheira do Governo para a gestão da Covid-19 em Portugal.
Com a transmissibilidade (Rt) abaixo de 1 e a pressão sobre os hospitais mais ou menos controlada perante uma menor severidade da infeção, a pneumologista concedeu várias entrevistas, afirmando que "Portugal já ultrapassou o pico da onda" e deverá agora entrar num "período de acalmia", o que, defende Raquel Duarte, irá permitir "ajustar as medidas ao risco" mais baixo da infeção.
"Estamos na fase de aliviar com prudência, passo a passo, vendo as consequências desse alívio e estando atentos a novas variantes, novas surtos, novos agravamentos", afirmou a secretária de Estado da Saúde no executivo exatamente anterior à pandemia de Covid-19.
Desde segunda-feira, por exemplo, que para quem chega à Portugal de outros países da União Europeia basta apresentar o Certificado Digital Covid da UE válido, sem necessidade de fazer testes.
Em estudo, pela Direção-Geral de saúde, está também a possibilidade de que as pessoas infetadas pelo SARS-CoV-2, mas sem sintomas de covid-19, possam ser dispensadas de isolamento assim como a utilização de máscaras seja apenas obrigatória em períodos de maior risco.
A diretora geral de Saúde, numa entrevista na semana passada à CNN Portugal, admitiu ainda ser expectável que a vacinação para a Covid-19 passe a ser "seletiva, sazonal e para grupos de risco", mas tudo será coordenado a nível europeu e condicionado pela evolução da pandemia nos próximos tempos.
"Há um movimento, liderado pelo Centro Europeu de Controlo e Doenças (CEDC), e nós estamos alinhados com ele", assegurou Graça Freitas.
Grécia na retoma do turismo
A Grécia, um dos mais fortes concorrentes do sol português em termos de turismo, também aliviou as restrições para quem visita o país.
Desde segunda-feira e até 21 de fevereiro, para quem viaja da UE, de países que aderiram ao Certificado Digital Covid da UE, incluindo Reino Unido e Cabo -verde, basta apresentar o documento europeu a comprovar a vacinação até 14 dias antes da viagem, recuperação da doença pelo menos 14 dias após o primeiro teste PCR positivo ou de teste negativo antes da viagem.
O governo grego planeia começar a receber este ano os primeiros turistas de verão logo a partir de 1 de março e conta recuperar já este ano as visitas para os níveis pré-pandemia.
Algo que também em França está a tentar acelerar-se, nomeadamente aproveitando ainda a época de desportos de inverno, muito afetada pelas restrições no ano passado e nas primeiras semanas da atual temporada.
Em breve, o governo gaulês vai alargar também a necessidade de apenas mostrar o Certificado Digital Covid da UE a quem chega de países externos do bloco, como é agora o caso dos britânicos, a quem ainda é exigido um teste negativo mesmo para os totalmente vacinados.
A medida fica no entanto dependente de os números da Covid se manterem em queda em França.
Em Itália, o Certificado Digital é agora também o documento essencial para circular e o uso de máscaras na rua deixa de ser obrigatório a partir desta sexta-feira.
Em Espanha, é já esta quinta-feira que o uso de máscaras no exterior deixa de ser obrigatório, anunciou o governo esta semana, após um Conselho de Ministros, no qual foram ainda definidas algumas exceções.
Em contagem decrescente para a Primavera, com Portugal por exemplo a oferecer um género de verão em pleno inverno, com sol e temperaturas de 20 graus Celsius, e com perspetivas positivas em termos de epidemia, mantêm-se no entanto os alertas para quem viaja.
A qualquer momento pode surgir uma nova variante de preocupação do SARS-CoV-2 e as regras terão de mudar rapidamente, com o regresso de restrições, que podem custar por exemplo quarentenas nos destinos turísticos.