Sérvia e Rússia têm uma forte ligação histórica e reina um ressentimento contra a NATO no país devido aos bombardamentos durante a guerra do Kosovo
Se um pouco por toda a Europa se têm multiplicado as ações de solidariedade com a Ucrânia, em Belgrado os milhares de pessoas (quatro mil, de acordo com a Reuters) que saíram para a rua na noite de sexta-feira fizeram-no para apoiar a Rússia e Vladimir Putin. A manifestação foi organizada por grupos de extrema-direita, que consideram a Rússia e a Sérvia países irmãos, ou não tivessem os dois países uma forte ligação histórica.
As opiniões partilhadas pelos participantes podiam ter saído diretamente de um manual de propaganda do Kremlin:
"A Ucrânia está a ser libertada dos neonazis, não é preciso dizer mais nada. O sistema ocidental invadiu a Ucrânia e os nossos irmãos russos estão a libertá-los. Espero que libertem o mundo inteiro."
"Não posso dizer que estou satisfeito com o que se está a passar na Ucrânia. Estamos em choque, são irmãos a matar-se uns aos outros. É uma tragédia mas tinha de ser feito. As forças do mal estavam a chegar à fronteira russa e se não fosse isto, teríamos uma guerra mundial. Sempre é melhor esta guerra do que esperar por um conflito maior."
Existe um forte sentimento anti-NATO na Sérvia devido aos bombardeamentos de que o país foi alvo por parte da aliança durante a guerra no Kosovo, ação que motivou uma condenação da Rússia no Conselho de Segurança da ONU.