Segundo o embaixador da França na Itália, Christian Masset, "a autonomia estratégica é um objetivo que temos em comum, juntamente com a transição ecológica e digital."
Desde a nomeação de Mario Draghi como primeiro-ministro da Itália, a relação entre a Itália e a França está a entrar numa nova era. No ano passado, a assinatura do Tratado do Quirinal marcou um momento chave na relação entre Paris e Roma. O tratado era a única peça do puzzle que faltava para selar o pacto de amizade entre os dois países.
Segundo o embaixador da França na Itália, Christian Masset, "o tratado é um instrumento para firmar uma relação de longa data e comprova o início de uma nova era. O tratado, que está em vigor desde novembro passado, define o futuro quadro das relações", afirma o embaixador. "É um acordo de amizade que prevê programas ambiciosos de intercâmbio como forma de aprofundar o conhecimento mútuo dos dois países", acrescenta. Para além disso, também inclui projetos que, na sua opinião, "visam construir uma parceria bilateral reforçada que oferece aos dois países a oportunidade de construírem uma Europa mais forte".
Após o recente incidente diplomático entre os dois países, o novo acordo de cooperação em vários setores estratégicos, desde a defesa à política, ajuda a superar divergências ao nível bilateral e europeu.
Segundo o diretor de Estudos do Instituto de Estudos de Política Internacional (ISPI) , Antonio Villafranca, "a relação entre os dois países nunca esteve melhor. O incidente que levou a França a retirar o embaixador de Itália em 2019, quando o Movimento Cinco Estrelas apoiou os Coletes Amarelos, parece estar esquecido". Para Antonio Villafranca, "o tratado do Quirinal e, sobretudo, os interesses comuns reforçam as boas relações entre os dois países."
O tratado foi assinado num momento crucial para a Europa. A era da ex-chanceler alemã Angela Merkel estava a chegar ao fim e a nomeação do primeiro-ministro Mario Draghi trouxe ventos de mudança para a política italiana e europeia.
Os dois países parecem concordar mesmo quando se trata de questões económicas. Como países com um alto nível de dívida externa, têm uma posição comum relativamente à reforma das regras orçamentais da União Europeia. A linha franco-italiana está tambem a suportar o alcançe dos objetivos da presidência francesa do Conselho da União Europeia.
Para o embaixador da França na Itália, a relação entre os dois países é "fundamental para construir uma Europa mais forte, em especial depois do Brexit. Os dois países têm muito em comum e ambos querem uma Europa soberana. Como disse Mario Draghi, não pode haver soberania na solidão. A autonomia estratégica é um objetivo que temos em comum, juntamente com a transição ecológica e digital."
A guerra na Ucrânia está a pôr à prova a União Europeia, incluíndo as relações entre Paris e Roma. Segundo os analistas, a Europa tornou-se mais unida depois da guerra, uma guerra que se espera irá influenciar também os resultados incertos das presidenciais francesas.