O partido Liga, que faz parte da coligação no poder em Itália, liderada por Giorgia Meloni, deixou o grupo Conservadores e Reformistas Europeus para se juntar ao Patriotas pela Europa fundado por Orbán. As movimentações a nível europeu poderão pôr em causa a estabilidade do governo italiano?
Depois de o partido de extrema-direita Liga, de Salvini, se ter juntado ao novo grupo Patriotas pela Europa, fundado por Orbán, a questão que se coloca em Itália é se a atual coligação governamental se manterá.
Com 84 deputados, o Patriotas para a Europa não só se tornou o terceiro maior grupo do Parlamento Europeu, substituindo o Conservadores e Reformistas Europeus nessa posição, como o partido espanhol Vox também desertou desse mesmo grupo liderado por Giorgia Meloni.
Por enquanto, a primeira-ministra italiana optou por uma abordagem discreta do assunto, e o partido de Meloni, Fratelli d'Italia, disse à Euronews que não fará quaisquer declarações sobre o tema. Por isso, a questão foi colocada diretamente ao partido Liga, que garantiu que as dinâmicas europeias não destabilizarão o governo de Roma.
"Não há nada de errado em haver opiniões diferentes sobre certas questões europeias entre os partidos de direita. Pelo contrário, isso tem sido uma oportunidade enriquecedora e não um obstáculo", disse à Euronews Paolo Borchia, o número um da Liga no Parlamento Europeu.
"Penso que temos de ser concretos. Este governo ganhou a confiança do povo italiano e é justo que continue o seu trabalho. No que diz respeito às dinâmicas europeias, estas terão repercussões que não desestabilizarão o governo", defendeu ainda.
Segundo o partido Forza Italia, que também faz parte da coligação no governo italiano, a formação do Patriotas pela Europa não terá impacto significativo na governação do país.
"Como explicou o líder do Forza Italia, Tajani, o papel do Patriotas pela Europa será irrelevante no próximo Parlamento Europeu. O Forza Italia, como parte do PPE, está empenhado em garantir que o papel da Itália se torna cada vez mais importante. A coligação governamental italiana, ao contrário das de outros países da UE, é estável e está unida na implementação do nosso programa político, que recebeu o apoio da maioria dos italianos tanto em 2022 como há algumas semanas", disse à Euronews Alessandro Battilocchio, deputado do partido.
No que diz respeito à guerra na Ucrânia, Borchia garante que o Liga sempre encontrou pontos em comum com os dois outros parceiros políticos.
Já o analista político Lorenzo Castellani considera que, apesar de fazer parte dos Patriotas pela Europa, a Liga não tem influência suficiente dentro do governo italiano.
"O impacto na coligação no poder será bastante limitado porque Salvini não tem poder suficiente para colocar em causa a liderança de Giorgia Meloni ou apoio eleitoral suficiente para desencadear eleições antecipadas ou uma crise governamental", diz Castellani.