África debate financiamento do setor petrolífero em Luanda

Os principais Produtores e Exportadores de Petróleo de África estão reunidos até 19 de maio em Luanda, capital de Angola. Procuram novas soluções para aumentar o investimento no setor petrolífero e para alavancar a transição energética.
Em entrevista exclusiva à Euronews o Secretário-geral da Organização Africana de Produtores de Petróleo (OAPP), Omar Ibrahim, considerou a transição energética uma questão ideológica e disse não acreditar que seja uma questão que poderá fazer com que os investidores tradicionais na indústria do petróleo e gás, em África, alterem o seu posicionamento.
Omar Ibrahim acrescentava que, ainda assim, as atividades das petrolíferas e as empresas de gás natural no continente africano "ajudaram a trazer receitas aos governos e é com os quais estas receitas que gerem as administrações locais” .
Deficit na produção de petróleo em África
A ausência de investimento no setor de petróleo e gás em África, ao longo dos últimos anos, provocou um declínio acentuado na produção.
Com o embargo parcial do petróleo e gás russo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os seus aliados estabeleceram uma meta para atender uma maior cota do mercado global, mas não aconteceu, o que terá provocado uma subida do preço do barril de petróleo em março para máximos de 2008, quando o barril de petróleo chegou a ser transacionado por 139 USD.
No mesmo mês, Angola e Nigéria, segundo dados da OPEP, foram responsáveis por quase metade do deficit no fornecimento de petróleo ao mercado global.
Ainda assim, o diretor da Corporação Nacional de Petróleo da Nigéria, Mele Kyari, garantiu que as consequências das “tensões políticas entre a Rússia e a Ucrânia” não afetaram a indústria local apesar de reconhecer que há ruturas no abastecimento do mercado global.
Novos Investimentos nas Energias Renováveis
Depois de quase 14 anos de desinvestimento no setor, devido aos preços baixos do barril de petróleo, a procura por novas fontes de energia para substituir o gás russo, anima agora as tradicionais multinacionais que renovam o seu interesse em investir em África no setor das energias renováveis.
Olivier Jouny, diretor-geral da Total Angola, em entrevista exclusiva à Euronews, disse que sua a multinacional tem um claro interesse em atingir a neutralidade de carbono até 2050 e para isso redefiniu a sua estratégia em África.
Uma das conclusões saídas do 8º Congresso e Exposição de Petróleo de África (CAPE VIII), que decorre de 16 a 19 de Maio em Luanda, Angola, é que para já os principais países produtores de petróleo em África não produzem o suficiente para atender à procura resultante do embargo do petróleo e gás russo. Mas admitem haver um maior interesse por parte dos investidores no setor de petróleo e gás em África.
O Congresso é uma iniciativa da Organização Africana dos Produtores de Petróleo (OAPP) em parceria com o Governo de Angola e a AME Trade Ltd e tem como tema central a Transição Energética, desafios e oportunidades na indústria africana de petróleo e gás.