Conferência dos Oceanos sublinha a gestão dos peixes na adaptação da pesca ao consumo

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De  Sérgio Ferreira de Almeida
Exploração de salmão em aquacultura na Columbia Britânica
Exploração de salmão em aquacultura na Columbia Britânica   -  Direitos de autor  Jonathan Hayward/The Canadian Press via AP/Arquivo

A crescente procura de peixes e outros alimentos marinhos está a mudar rapidamente o setor da pesca e da aquacultura. Espera-se que o consumo aumente, impulsionado principalmente pelo crescimento acelerado da população.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla anglófona) apresentou na conferência dos Oceanos em Lisboa o último relatório sobre o setor das pescas e traçou um cenário relativamente otimista.

O diretor da Divisão de Pescas e Aquacultura da FAO sublinha a atual "melhor" gestão das "maiores reservas de peixe" para justificar porque tem "melhorado a respetiva sustentabilidade, obviamente, ao longo da última década, enquanto as populações mais pequenas, em locais mais isolados, talvez com pequenos sistemas de gestão em vigor, estão a deteriorar-se".

"Portanto, temos de nos certificar de que 100% das reservas de peixes em lagos, rios e oceanos estão sob gestão, porque sabemos que a gestão funciona. Mas esta é a grande questão", avisa Manuela Barange.

Um pedido mais difícil de concretizar nos países menos ricos e onde as pescas são feitas a uma escala mais reduzida:

"Qualquer agenda de sustentabilidade tem de ter em consideração as comunidades pesqueiras de pequena escala e tem de as colocar no centro da conservação", afirmou a coordenador do "Katosi Women Development Trust Uganda".

Margaret Nakato diz ser preciso respeitar "as componentes sociais, culturais e económicas destas comunidades pesqueiras para que as medidas sejam eficazes". "Mas também devemos partilhar os benefícios equitativos que advêm da sustentação destes recursos", acrescenta.

As Nações Unidas acreditam que "o crescimento da pesca e da aquacultura é vital para acabar com a fome e a desnutrição globais", mas é necessária uma maior regulamentação e uma maior transformação no setor para que os recursos dos oceanos não acabem.

A Conferências dos Oceanos da ONU termina esta sexta-feira, em Lisboa.