Portugal tenta combater "a pior seca do século XXI" limitando o consumo de água

Imagem do Rio Zêzere, junto a Figueiró dos Vinhos, já em fevereiro deste ano
Imagem do Rio Zêzere, junto a Figueiró dos Vinhos, já em fevereiro deste ano Direitos de autor AP Photo/Sérgio Azenha
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De  Francisco Marques
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Governo anuncia medidas para o Algarve e Trás-os-Montes, com foco no setor turístico, numa altura em que os solos estão na maioria no "ponto de emurchecimento permanente"

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Portugal pretende limitar o consumo de água no Algarve e em Trás os Montes para combater o que foi descrito pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática como a pior seca no país do século XXI.

No final da 10.ª reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, no Ministério do Ambiente e da Ação Climática, o governo anunciou mais quatro medidas de "mitigação dos efeitos da seca hidrológica em Portugal" a juntar às 78 em vigor desde 1 fevereiro.

Sendo o quinto ano com precipitação abaixo da média, esta situação de seca torna-se a mais grave deste século.
Duarte Cordeiro
Ministro do Ambiente e da Ação Climtica de Portugal

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) sublinhou recentemente a gravidade da situação de seca a revelar a "diminuição dos valores de percentagem de água no solo em todo o território".

As informações disponíveis a 15 de julho permitiam destacar "a região interior Norte e Centro, o vale do Tejo e os distritos de Castelo Branco, Setúbal, Beja e Faro como áreas nas quais os valores" de água no solo "são inferiores a 10 % e iguais ao ponto de emurchecimento permanente", o que significa uma desidratação grave da vida vegetal.

O IPMA alerta para uma "situação de seca meteorológica em todo o território" e informa que, "em relação ao final de junho", verificou-se "um aumento da área em seca extrema, em particular na região Sul, no vale doTejo e nalguns locais do interior Norte e Centro".

Para tentar poupar alguma água, na sexta-feira o governo português emitiu as seguintes medidas:

  • A Agência Portuguesa do Ambiente reuniu-se com as associações do setor turístico do Algarve com o objetivo de promover, de forma colaborativa, a redução de consumo de água com os empreendimentos turísticos da região, nomeadamente na rega de campos de golfe e espaços verdes;
  • No norte do País, avanço da obra de ligação do sistema do Alto Rabagão ao sistema de Arcossó, para aumentar a resiliência global do sistema;
  • Lançamento do procedimento para a empreitada do prolongamento do Pinhão ao sistema adutor de Vila Chã;
  • Reativação da captação de Camba para redução do volume captado na Albufeira de Sambade.

O executivo liderado por António Costa lembrou ainda os investimentos de €200 milhões previstos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "para melhorar a eficiência hídrica" da região do Algarve, incluindo o "projeto para o reforço do abastecimento de Odeleite a partir do Pomarão".

A anunciada central algarvia de dessalinização encontra-se ainda em fase de projeto, tendo sido iniciados os "procedimentos para o início da avaliação de impacte ambiental".

"Por outro lado, até 2025, haverá condições para utilizar a totalidade da água reciclada da região em rega, ou seja, oito hectómetros cúbicos de água, o equivalente ao consumo do concelho de Braga em 10 meses", revelaram ainda os titulares do ministério do Ambiente e da Agricultura.

Outras fontes • Público, IPMA

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