"Rugulopteryx Okamurae": a invasora japonesa ataca agora no Algarve

Praga de "Rugulopteryx Okamurae" já invadiram também as calanques de Marselha
Praga de "Rugulopteryx Okamurae" já invadiram também as calanques de Marselha Direitos de autor Christophe SIMON / AFP
De  Francisco Marques
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Foi detetada em França em 2009. Seis anos depois ganhou força em Espanha e já está na lista da União Europeia. A propagar-se há três anos pelos Açores, está agora também a afetar as praias e a pesca no barlavento algarvio

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Há um invasor a conquistar território na União Europeia desde 2015. Depois de se ter instalado também nos Açores em 2019, a japonesa Rugulopteryx Okamurae acaba de invadir também o Algarve, no sul de Portugal continental.

Incluída há poucos dias na lista de "espécies exóticas invasoras" da União Europeia, a alga japonesa está já a alterar a biodiversidade e inclusive a afetar a pesca no barlavento algarvio, repetindo o que também já havia provocado no sul de Espanha, onde a caraterística invasora desta espécie foi pela primeira vez detetada, motivando diversos estudos no país vizinho e preocupação na União Europeia.

"[Estas] algas conseguem infiltrar-se nas redes e fazem com que não atraia o pescado e não pesque", lamentou Fábio Matos, da Associação de Pescadores do Barlavento algarvio, em declarações à RTP.

A Rugulopteryx Okamurae começou por ser detetada em 2009 em França, mas só quando voltou a ser detetada no Estreito de Gibraltar começou a preocupar.

Presume-se que tenha chegado à Europa agarrada ao casco de navios ou através das chamadas águas de lastro.

"A zona de Gibraltar tem um porto muito importante e , no que diz respeito aos Açores, foi precisamente junto ao porto de Ponta Delgada que encontrámos a espécie", contou há algumas semanas ao jornal Público o investigador João Faria, do polo açoriano do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Cibio-Açores), dando força à teoria de que a alga invasora japonesa chegou à Europa através dos navios.

Rapidamente se instalou e proliferou pela costa espanhola, entre Tarifa e Algeciras, começando logo ali a revelar-se um problema para os pescadores e há quem esteja a estudar formas naturais de reduzir a presença da espécie asiática através de herbívoros marinhos.

Em Málaga, estima-se que a Rugulopteryx Okamurae seja responsável por uma redução de 25% no volume de pesca na costa ocidental daquela cidade espanhola.

Aos Açores, chegou em 2019 e a propagação manteve-se rápida. "Veio mudar profundamente o habitat costeiro, nas zonas onde já se estabeleceu", contou à televisão pública portuguesa José Nuno Pereira, da Associação Naturalistas do Atlântico.

Em apenas dois anos, [a 'Rugulopteryx Okamurae'] conseguiu ser a espécie dominante da zona entre marés.
José Nuno Pereira
Associação Naturalistas do Atlântico

Numa época em que a alimentação humana procura alternativas mais sustentáveis, como as algas, esta espécie japonesa não se revela tóxica mas também não apresenta qualidades gastronómicas.

A Rugulopteryx Okamurae mostra, sim, ser um problema para os ecossistemas marinhos e ameaça tornar-se uma mancha castanha nas recordações dos turistas nestas férias de verão pelo barlavento algarvio.

Outras fontes • RTP, Universidade dos Açores,

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