O rio Bagmati, que nasce nos Himalaias, é o rio mais sagrado e tornou-se no mais poluído do Nepal. Todo o tipo de detritos é deitado nas sua águas
O Bagmati é o rio mais sagrado do Nepal.
Nasce nos Himalaias e diz-se no país que tem o poder de purificar almas. Por isso, faz parte da vida dos nepaleses, mas deteriorou-se de tal forma que hoje é o rio mais poluído do país; fonte de problemas de saúde pública e de preocupação para as autoridades.
Madhukar Upadhaya é um dos ambientalistas preocupados com o estado do rio:
"O Bagmati costumava ser um rio muito sagrado, na verdade é um rio sagrado. Muitos rituais estão ligados ao Bagmati e este era quase muito limpo há cerca de quarenta anos e começou a deteriorar-se gradualmente porque era um lugar-comum para todos trazerem o seu lixo, despejar os seus resíduos, o que começou a poluir o Bagmati."
A intensidade com que os nepaleses vivem o Bagmati está a matá-lo. No Nepal, tudo comunga com o rio. A vida, a fé, os detritos e até os corpos cremados dos mortos.
Após o corpo físico ter servido o seu propósito terreno, os hindus acreditam que a cremação liberta a alma de uma pessoa, iniciando a sua viagem para a reencarnação. As cinzas são deitadas ao rio.
Esgotos brutos são despejados diretamente no rio, e montes de lixo são atirados ao longo das margens. Ao chegar à capital, Kathmandu, a cor das águas muda de clara para castanha e depois para preta.
O rio sagrado também corre por vários locais sagrados, incluindo o Templo de Pashupatinath, declarado Património Mundial pela UNESCO em 1979.
Nas zonas urbanas, o governo e os voluntários continuam a remover resíduos, que as pessoas continuam a deitar no rio. Os ambientalistas não acreditam no impacto destes esforços. Upadhaya diz que o Nepal tem de aprender com isto.
O padre hindu Pandit Shivahari Subedi tem vindo a realizar rituais para devotos nas margens do rio Bagmati nas últimas três décadas. Ele acredita que só a intervenção divina pode ajudar a limpar o rio.