Em Ter Apel, nos Países Baixos, os residentes protestam contra a presença nas ruas de centenas de migrantes que não têm lugar no centro de acolhimento
Dezenas de residentes da cidade holandesa de Ter Apel protestaram contra a presença de centenas de migrantes que procuram abrigo fora do um centro sobrelotado de requerentes de asilo.
Os manifestantes empunhavam cartazes onde se lia: "Verdadeiros refugiados, sim; os desordeiros vão-se embora" e "Basta de Perturbação".
Um dos manifestantes explica: "A razão do protesto é que já temos incómodos suficientes como os roubos nas lojas. As pessoas são ameaçadas, as pessoas são intimidadas, invadem carros e casas. Já chega de aborrecimentos. E agora vemos as pessoas (requerentes de asilo) alojadas no exterior, em frente ao centro dos requerentes de asilo. Dizemos que os verdadeiros refugiados são bem-vindos, como as pessoas da Ucrânia ou as pessoas que estão a fugir do terrorismo islamita, mas esses são jovens africanos que não podemos tolerar mais".
Cerca de 700 pessoas têm dormido ao ar livre porque o centro de acolhimento de asilo já não tem capacidade para as acolher. As agências de ajuda humanitária, que foram chamadas ao local, dizem que as condições são terríveis.
Há duas noites faleceu um bebé de três meses, cuja causa da morte está a ser investigada.
Ibrahim Alfawal, um refugiado sírio queixa-se: "Fiquei três dias, e estava tanto frio de noite. A noite passada estava ventosa. Havia um vento forte e não conseguíamos dormir depois das 3 horas da manhã. Não nos sentimos seguros porque estamos fora do centro de asilo. Não entrámos e não temos autorização para entrar no interior do centro".
As autoridades tentam encontrar alojamentos de emergência, já que os processos de pedidos de asilo podem demorar meses.
Muitos destes migrantes chegam dos chamados "países seguros" que, em última análise, não têm direito a permanecer nos Países Baixos, mas a maioria são sírios que fogem da guerra civil que o seu país atravessa.