Espanha aposta em plano de poupança energética

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Medidas vão estar em vigor até novembro de 2023. Haverá montras às escuras e temperaturas controladas

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Por estes dias, os espanhóis continuam a aproveitar o sol nos cafés e nas esplanadas. O verão foi quente e no inverno haverá frio.

O governo espanhol aprovou legislação que limita a temperatura do ar condicionado a 27ºC e um máximo de 19ºC em ambientes fechados durante o inverno.

Bares, lojas e escritórios terão de manter as portas fechadas para garantir a eficiência energética.

Só em Madrid, a adaptação às novas regras custará aos proprietários de bares, com menos clientes, mais de 500 milhões de euros.

"Temos de enfrentar um outono e um inverno com uma temperatura máxima em ambiente fechado de 19ºC. Isso pode implicar uma diminuição do consumo de cerca de 3%", disse, à Euronews,  Juan José Blardony, diretor-geral da Hosteleria Madrid.

Os edifícios públicos terão de desligar as luzes e as montras das lojas devem ficar às escuras à noite.

A partir de 1 de setembro, os comboios de curta e média distância poderão aumentar o uso do transporte público.

Com estas medidas, Espanha conta conseguir uma poupança energética de 7% recomendada pela União Europeia.

As medidas de poupança energética estão a impor sérias restrições dentro dos bares, mas há quem pergunte o que acontecerá com as esplanadas. Após a pandemia de Covid-19, os espanhóis acostumaram-se a ficar ao ar livre, mesmo no inverno.

Em Madrid existem 3 mil esplanadas com aquecimento exterior. A autarquia conta proibir os aquecedores a gás, mas mesmo com radiadores elétricos, os cafés ao ar livre dissiparão cerca de 78 mil kWh por dia.

"Não faz sentido pedirmos aos supermercados que coloquem portas nas prateleiras dos produtos lácteos e, ao mesmo tempo, permitirmos que as esplanadas aqueçam o ar das ruas com radiadores. Precisamos de um decreto, uma via rápida, para acabar com isto antes do inverno", sublinhou Javier Pamos, da Fundación Renovables.

Espanha espera que as novas regras de poupança de energia sejam suficientes para cumprir as metas da União Europeia, pelo menos por alguns meses. Mas, apesar de limitar o preço do gás, a fatura da luz continua a subir no país.

A eletricidade é agora três vezes mais cara do que há um ano.

Para perceber melhor as medidas que o Governo de Espanha lançou estivemos à conversa com Joan Groizard, diretor-geral do Instituto Espanhol para a Diversificação e Poupança energética, parte do Ministério da Transição Ecológica.

Jaime Velázquez, Euronews - as medidas adotadas pelo Governo são suficientes?

Joan Groizard, diretor-geral do Instituto Espanhol para a Diversificação e Poupança energética - para nós estas medidas são apenas um primeiro pacote, uma maneira de começar, alguns passos iniciais. São o que chamamos de medidas “sem arrependimento.”

São o tipo de ações que não requerem qualquer esforço ou "remorso", porque dificilmente exigem mais investimentos. São medidas fáceis de implementar. Atualmente, estamos num processo com as regiões autónomas, com atores industriais e partidos políticos para recolher propostas de todos eles e fazer um plano de contingência mais amplo que possa incorporar medidas adicionais às já existentes.

Jaime Velázquez, Euronews - Espanha está muito pouco exposta ou, pelo menos, não tanto quanto os outros países europeus, ao gás russo. Por que é que têm de se fazer estes esforços?

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Joan Groizard, diretor-geral do Instituto Espanhol para a Diversificação e Poupança energética - Espanha, historicamente, teve muito pouca interligação com os mercados de eletricidade europeus. Isso significa que durante muitos anos os consumidores espanhóis não puderam beneficiar do gás russo, quando era barato e abundante.

Os espanhóis não puderam beneficiar de energia elétrica mais barata como outros países europeus fizeram. Esta situação obrigou Espanha a fazer grandes investimentos em terminais de regaseificação e outras infraestruturas para ser mais autossuficiente. No contexto atual, parece que as mesas viraram, e agora Espanha, com estas infraestruturas que custaram muito dinheiro aos contribuintes espanhóis, está preparada para estar numa posição muito mais forte. Somos muito mais resistentes.

Por isso, encaramos este inverno com preocupação, é claro, mas talvez com mais calma do que nossos colegas do resto da Europa. Neste sentido, penso que existe um pilar fundamental da União Europeia, que é a solidariedade.

Assim, a redução do consumo de energia que estamos a implementar em Espanha, com medidas - insisto - muito fáceis de alcançar, está a permitir-nos conter os preços, aumentar as nossas reservas de gás tanto quanto possível e, eventualmente, também nos permitirá compartilhar qualquer excesso de gás, tendo em conta a nossa capacidade de infraestrutura com outros países como, por exemplo, França,  através da interconexão já existente.

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