Dupla sede do Parlamento Europeu dificulta poupança energética

Edifício do Parlamento Europeu em França
Edifício do Parlamento Europeu em França   -  Direitos de autor  Genevieve ENGEL/ European Union 2019 - Source : EP
De  Vincenzo Genovese  & Isabel Marques da Silva

Numa resolução, votada em janeiro de 2020, o PE pediu aos Estados-membros que cheguem a um consenso sobre uma única sede para o Parlamento Europeu, mesmo sem especificar em qual das duas cidades.

Em plena crise energética, as instituições da União Europeia estão a "apertar o cinto" no consumo de eletricidade. Na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, a temperatura para o aquecimento foi reduzida em 2°C, medida que se segue a uma redução no consumo total de energia de 20%, nos seus edifícios, entre 2015-2021.

O Parlamento Europeu (PE) também decidiu baixar a temperatura e reduzir a iluminação nas suas instalações, já equipadas com painéis fotovoltaicos, unidades de co-geração e bombas de calor. O PE também abandonou 14 projectos de construção e renovação para poder pagar as contas de energia.

Mas uma questão importante relativa ao consumo de energia (e outras despesas) relativa à sede do PE continua por resolver, como realça Daniel Freund, alemão, membros dos verdes.

"Na atual situação, considero totalmente injustificado que o PE faça o aquecimento e iluminação de duas sedes e que continuemos a viajar entre dois lugares. Penso que, nesta altura da crise energética, deveríamos ficar aqui em Bruxelas", disse o eurodeputado à euronews.

Segundo o tratado da União Europeia, Estrasburgo (França) é a cidade que tem  a sede das sessões plenárias do PE 12 vezes por ano. Os deputados europeus, que realizam o seu trabalho diário no edifício em Bruxelas, viajam esta semana para a cidade francesa, pela segunda vez este mês. 

O peso da História

Esta sede tem claras raízes históricas, que podem parecer desatualizadas para alguns eurodeputados: um relatório do Tribunal de Contas divulgado, há alguns anos, estimou que deslocar toda a actividade parlamentar para a cidade belga, definitivamente, pouparia 114 milhões de euros, por ano. Por outro lado, as emissões totais de gases poluentes atribuíveis ao funcionamento da sede de Estrasburgo ascendem a quase 19 mil toneladas de CO2, por ano.

"Penso que em 2022, a relação entre a Alemanha e a França é suficientemente forte para que possamos dispor de apenas uma sede do PE. O Parlamento quer isto, mas infelizmente não podemos decidi-lo. São os governos, particularmente o governo francês, que nos impedem de tomar esta decisão. Se o Parlamento Europeu pudesse decidir sozinho, penso que amanhã ficaria decidido que  a sede seria apenas em Bruxelas", disse Daniel Freund, numa alusão ao facto de que a dupla sede serviu para apaziguar as tensões entre França e Alemanha, após as guerras mundiais.

Numa resolução, votada em janeiro de 2020, o PE pediu aos Estados-membros que cheguem a um consenso sobre uma única sede para o Parlamento Europeu, mesmo sem especificar em qual das duas cidades.

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