SNS precisa de mais 200 obstetras, diz chefe da Comissão de Acompanhamento

Urgências do Hospital de Braga
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De  Filipa Soares
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Portugal vive uma crise sem precedentes nas urgências de ginecologia e obstetrícia, que levou recentemente à demissão da ministra Marta Temido.

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O encerramento de maternidades é a única solução a curto prazo para a falta de médicos especialistas nos hospitais públicos portugueses. Quem o diz é o coordenador da comissão de acompanhamento criada pelo governo, depois de vários hospitais terem fechado as urgências de obstetrícia e ginecologia durante alguns períodos, forçando as grávidas a percorrerem dezenas de quilómetros a mais para darem à luz.

Diogo Ayres de Campos, coordenador da Comissão de Acompanhamento de Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos, diz: "Temos vindo a trabalhar durante o mês de julho e o mês de agosto naquilo que é uma reorganização dos cuidados de obstetrícia e ginecologia e neonatais. Achamos que isso provavelmente vai condicionar a concentração de recursos, ou seja, que alguns hospitais não podem manter as suas urgências e os seus blocos de parto abertos".

Alguns hospitais portugueses tiveram de fechar as urgências de obstetrícia e ginecologia várias vezes este verão por não conseguirem completar as escalas. Durante esta crise, dois bebés morreram e outra grávida também morreu durante a transferência para outro hospital, mas desta vez por falta de vagas em neonatologia. As mortes estão a ser investigadas. A ministra da Saúde demitiu-se.

Segundo Diogo Ayres de Campos, o Serviço Nacional de Saúde precisa de pelo menos mais 200 especialistas em obstetrícia e ginecologia. Nos últimos anos, a mortalidade materna tem vindo a aumentar em Portugal. Haverá uma relação com a falta de profissionais? Ayres de Campos diz que a causa é outra: O que parece estar em causa não tem a ver propriamente com a resposta, pelo menos não é evidente que tenha a ver com a resposta, o que tem é a ver com o aumento de gravidezes de mulheres que vêm de outros países, muitas vezes países com menos recursos económicos e que decidem ter o parto em Portugal".

O aumento da mortalidade não tem necessariamente a ver com a (qualidade da) resposta, mas sim com o aumento de gravidezes de mulheres que vêm de outros países.
Diogo Ayres de Campos
Coordenador da Comissão de Acompanhamento de Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos

Ayres de Campos sublinha que o relatório sobre a mortalidade materna também indica que agora há mais mulheres com doenças que decidem engravidar, apesar dos riscos que estas acarretam.

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