Espanha inaugura novo modelo de consumo solidário

Apesar do aumento do preço da energia, Juana não tem medo de ligar as luzes.
Juana faz parte da primeira comunidade energética europeia, uma iniciativa com base na aldeia de El Realengo na província de Alicante em Espanha.
Um total de trezentas pessoas beneficiam de consumo coletivo.
"Não tivemos de fazer qualquer investimento como outras comunidades quando criámos a comunidade energética. Assim, da forma como o preço da electricidade está agora, se tiver uma poupança entre 20% a 22%, isso reflete-se na conta", afirma a residente local, Juana Santiaga.
Uma cooperativa local com um século de existência começou a instalar painéis solares sem custos para os residentes.
Para além de 50% do consumo, os painéis abastecem ainda os pontos de recarga dos veículos eléctricos.
O princípio orientador é a solidariedade.
"A um vizinho que está em casa durante o dia, que é quando o sol brilha, é atribuído um coeficiente de participação mais elevado do que a um vizinho que está em casa à noite. Contudo, a um vizinho que está em casa durante a noite pode ser atribuído um coeficiente mais elevado nos fins-de-semana, quando ele ou ela pode consumir mais" explica Joaquín Mas, diretor-geral do Grupo Enercoop.
A instalação situa-se no que era um terreno abandonado. Graças à iniciativa, os vizinhos decidiram construir um campo de basquetebol e um parque infantil.
"Após o sucesso alcançado na localidade de El Realengo, o objectivo é estender a comunidade energética a todo o município de Crevillente, onde vivem cerca de 30.000 pessoas. A redução nas contas de electricidade começará em 2023", adianta o repórter da euronews, Carlos Marlasca.
A cooperativa, fundada há um século com o propósito de fornecer energia à indústria têxtil já instalou páineis em quatro locais disponibilizados pela câmara. O objetivo é chegar às 21 instalações.
No entanto, para o presidente da Câmara de Crevillente existe um obstáculo.
"Estamos num país onde existe um regime de oligopólio de certas empresas privadas. Este lobby impede uma lei de energia democratizada muito mais ampla e uma verdadeira concorrência", denuncia o Presidente da Câmara de Crevillente, Jose Manuel Penalva.
De momento existem mais de trinta comunidades energéticas em Espanha.