Planos do primeiro-ministro israelita despertaram a fúria popular que transbordou para as ruas com protestos antigovernamentais. Proposta volta ao debate em abril
Uma decisão tomada por uma “questão de responsabilidade nacional” e para evitar “uma guerra civil.”
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, justificou, desta forma, o adiamento da polémica proposta de reforma judicial que dá total liberdade ao executivo para decidir sobre processos judiciais e que originou protestos em massa.
Os críticos argumentam que a reforma colocaria em causa o princípio da separação de poderes e o próprio Estado de direito, dando mais poder ao executivo do que ao poder judiciário.
A suspensão já tinha sido anunciada, antes, pelo ministro israelita da Segurança Nacional. Parceiro do Governo de coligação, Itamar Ben-Gvir disse ter concordado em deixar a legislação em suspenso até à sessão do Parlamento (Knesset), que está prevista para 30 de abril.
Acrescentou que o período de interrupção dará ao Governo tempo para acertar agulhas com a oposição.
A esse propósito, Netanyahu insistiu na necessidade da reforma, mas acrescentou que “queria dar tempo” para que as medidas propostas fossem discutidas e digeridas.
O líder da oposição, por outro lado, disse estar a postos para "iniciar um diálogo genuíno”, mas apenas se esta reforma for realmente interrompida.
Citado pelo jornal online The Times of Israel, Yair Lapid, referiu: “não precisamos de colocar um penso sobre as feridas, mas de tratá-las devidamente. Precisamos de nos sentar e escrever a constituição israelita com base nos valores da Declaração da Independência.”
Presidente de Israel fala na “coisa certa”
Na reação ao anúncio do primeiro-ministro, o presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que a decisão do adiamento é a “coisa certa” de fazer e apelou a conversações entre as partes “sérias, genuínas e responsáveis.”
De acordo com a imprensa israelita também ofereceu a residência oficial para servir de palco das conversações e para o desenvolvimento de acordos para libertar “Israel da profunda crise política que atravessa” neste momento.
Protestos não esmorecem
A Histradut, a principal força sindical de Israel, cancelou a greve geral após o discurso de Netanyahu, pelo menos até que o primeiro-ministro decida voltar à estaca zero.
No entanto, há grupos de protesto que prometem não desmobilizar e garantam continuar a luta, pelo menos enquanto a legislação “não for arquivada.”
O executivo de Benjamin Netanyahu contava aprovar a polémica reforma esta semana, tendo motivado uma vaga intensa de protestos.