México abre investigação sobre o incêndio que matou 39 migrantes

Vigilia pelas vítimas do incêndio no centro de detenção de migrantes, em Ciudad Juarez, no México
Vigilia pelas vítimas do incêndio no centro de detenção de migrantes, em Ciudad Juarez, no México Direitos de autor Christian Chavez/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Christian Chavez/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Autoridades mexicanas abrem investigação sobre o incêndio que matou 39 migrantes. Funcionários do centro de detenção e agentes de segurança suspeitos

PUBLICIDADE

O México abriu uma investigação de homicídio sobre as mortes de 39 migrantes num incêndio num centro de detenção em Ciudad Juarez, na fronteira com os Estados Unidos. 

O incêndio deflagrou na terça-feira perante o olhar passivo de numerosos funcionários. Segundo a Procuradora dos Direitos Humanos, Sara Irene Herrerías Guerra, as autoridades mexicanas estão a interrogar oito suspeitos.

A procuradora disse, em conferência de imprensa: "Nenhum dos funcionários, nem qualquer agente de segurança privada tomou qualquer medida para abrir a porta aos migrantes que se encontravam no interior, enquanto havia um incêndio". 

A secretária da Segurança, Rosa Icela Velázquez, referiu que estão a ser ouvidos: "Dois oficiais federais, um oficial de migração estatal, assim como cinco membros da empresa de segurança privada".

Um migrante foi "denunciado" como responsável pelo incêndio, que deixou 39  mortos e 27 feridos, sendo a esmagadora maioria proveniente de países como El Salvador, Guatemala, Honduras ou Venezuela.

O medo espalhou-se entre os membros destas comunidades. Centenas de pessoas chegaram à fronteira na quarta-feira com a intenção de atravessar para os Estados Unidos.

Mykel Mota, um emigrante venezuelano, diz: "Agora temos um pouco de medo, que eles nos façam o mesmo aqui". É por isso que queremos realizar o sonho americano".

Diara Belén Miranda, também venezuelana, afirma: "Queremos ir para o outro lado, mas eles devem ouvir-nos, dizer-nos alguma coisa". O que vão eles fazer connosco, pois o que mais podemos esperar, já nos queimaram vivos por assim dizer, podiam ter salvo aquelas pessoas e não o fizeram".

Críticas ao governo mexicano

"Como é possível que as autoridades mexicanas tenham deixado seres humanos encarcerados sem forma de escapar ao fogo", disse Erika Guevara Rosas, Diretora das Américas da Amnistia Internacional.

Numa manifestação na Cidade do México, podia ler-se uma faixa onde estava escrito: "Governo, assuma as suas responsabilidades".

O presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, prometeu que não haveria "impunidade", apelando a que "aqueles que causaram esta dolorosa tragédia fossem punidos de acordo com a lei".

As autoridades ainda não deram pormenores sobre a nacionalidade das vítimas, mas a Guatemala disse na terça-feira que 28 dos seus nacionais tinham morrido. El Salvador disse que quatro salvadorenhos ficaram gravemente feridos e apelou a que os responsáveis pela tragédia sejam levados à justiça.

Vários dos migrantes que morreram no incêndio tinham sido presos nas ruas de Ciudad Juarez, onde mendigavam ou lavavam para-brisas nos cruzamentos, numa tentativa de sobrevivência.

Ciudad Juarez, perto de El Paso (Texas), é uma das cidades fronteiriças de onde muitos migrantes indocumentados procuram chegar aos Estados Unidos para procurar asilo após uma longa viagem.

200 mil pessoas tentam entrar nos EUA todos os meses

Na quarta-feira, "mais de 1.000 migrantes" entraram ilegalmente nos EUA, disseram os guardas fronteiriços norte-americanos, acrescentando que os deportariam.

Para tentar conter o fluxo, o consulado dos EUA na cidade fronteiriça informou no Twitter que  "Os rumores sobre a abertura da fronteira após a tragédia em Ciudad Juarez são completamente falsos".

Cerca de 200.000 pessoas tentam atravessar a fronteira entre o México e os EUA todos os meses. Os migrantes dizem que querem escapar à pobreza ou à violência nos seus países de origem.

Desde 2014, cerca de 7.700 migrantes morreram ou desapareceram no seu caminho para os EUA, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Migrantes clamam por justiça no México

Reino Unido endurece legislação contra migrantes clandestinos

Bruxelas quer expatriar mais migrantes irregulares