NATO: Aliança dividida pela meta dos 2%

Soldados militares em treinos de inverno na Estóna
Soldados militares em treinos de inverno na Estóna Direitos de autor Sergei Grits/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
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De  Blanca CastroEuronews
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A aliança militar estabeleceu há quase uma década que os seus membros deveriam gastar 2% dos PIB nacionais com a defesa. Mas nem todos estão a cumprir a meta.

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Em 2014, a NATO estabeleceu que os países aliados deveriam gastar 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional com a defesa. Mas, de acordo com o mais recente relatório anual da organização, apenas sete dos 30 membros atingiram essa meta, em 2022.

O secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, reconheceu que esperava que o objetivo fosse atingido mais cedo, "mas como o PIB aumentou mais do que o esperado para dois dos aliados, dois aliados, é esperado que agora esses dois países fiquem ligeiramente abaixo dos 2%".

Quem gasta mais vs. Quem gasta menos

A Grécia, os Estados Unidos da América e a Polónia, seguidos pelos países bálticos, são atualmente os estados que maior percentagem do PIB nacional destinam à defesa, ultrapassando até os 2%.

Do outro lado da moeda estão a Bélgica, Espanha e o Luxemburgo.

O Reino Unido mal excede o objetivo e França está ligeiramente abaixo. Itália e a Alemanha também ficam aquém da meta.

Para os especialistas, a bitola é controversa, porque avalia o esforço económico feito por cada país, sem refletir sobre as reais capacidades militares das nações, como por exemplo, se têm navios ou capacidade de produção estratégica.

Felix Arteaga, investigador do Real Instituto Elcano, concorda que "os 2% são controversos, porque, por exemplo, países como Espanha e a Alemanha, contribuem com muito pouco esforço económico, mas conferem capacidade militar no terreno, e os restantes não o fazem".

O número, defende o especialista, simplifica uma equação bastante mais complexa.

"É sempre mais fácil medir os 2% do que contabilizar o número de pessoas e de recursos com que os países contribuem, porque isso obrigaria a NATO a incomodar os países que gastam esse dinheiro mal ".

Mas o que significam estes 2% do PIB para a economia de um país?

Veja-se, por exemplo, um dos países da NATO que menos gasta em defesa: Espanha.

Madrid gasta cerca de 4% do PIB em educação e 8% em cuidados de saúde. Em 2022, despendeu cerca de 1% do PIB para a defesa. Atingir o objetivo da NATO significaria gastar metade do que gasta em educação.

"O compromisso é muito difícil de cumprir, porque até agora a tendência é para um corte nos orçamentos da defesa, enquanto o resto das rubricas do orçamento, de cariz social, continuam a aumentar", explica o investigador.

E a tendência não mudou nem mesmo com a guerra na Ucrânia, às portas da NATO.

Para  Felix Arteaga, "enquanto não houver uma situação de guerra, de economia, de guerra, que obrigue a dar prioridade às despesas de defesa, será muito difícil cumprir estas declarações.

É muito difícil gastar bem esse dinheiro porque é necessário aumentar as estruturas de gestão, o pessoal, obter um retorno desses investimentos e depois, numa situação de inflação como a que temos, muitos dos esforços orçamentais adicionais são compensados por uma inflação galopante".

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