Ofensiva pelo poder provoca mais de 50 mortos entre civis e três membros da ONU

Civis em fuga junto de um veículo militar na capital do Sudão, Cartum
Civis em fuga junto de um veículo militar na capital do Sudão, Cartum Direitos de autor AFP
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De  Francisco Marques
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Milícias armadas atacaram posições chave do regime militar no poder. Há dezenas de mortos também entre as forças de segurança e cerca de 600 feridos em todo o país

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Os confrontos entre forças militares e milícias armadas no Sudão já provocaram a morte de pelo menos 56 civis, informou o comité central dos médicos sudaneses. E entre eles há três elementos do Programa Alimentar Mundial (PAM), revelou o enviado especial das Nações Unidas e chefe da missão de transição no país.

Também uma aeronave do organismo afeto às Nações Unidas ficou danificada e dois outros funcionários ficaram feridos.

Volker Perthers condenou os ataques contra membros da ONU e estruturas humanitárias no Sudão, na sequência da morte dos três elementos após os ataques sofridos sábado, no norte do país, e reiterou os apelos ao cessar-fogo nos violentos confrontos entre soldados do regime militar no poder e membros do grupo rebelde paramilitar apelidado “Forças de Apoio Rápido”.

O PAM suspendeu, entretanto, as operações no Sudão

Numa publicação na rede social Facebook, o comitê refere ainda a morte de "dezenas" de elementos entre as forças de segurança, sem precisar um número, e pelo menos 595 feridos por todo o país, incluindo alguns em estado grave.

A maior parte das vítimas foram registadas na capital, Cartum.

O Sudão está a ser palco, este fim de semana, de uma violenta ofensiva pelo poder do referido grupo paramilitar rebelde, formado por elementos da milícia árabe Janjawid e já denunciado por crimes contra a Humanidade pela Human Rights Watch durante a guerra do Darfur.

As milícias anunciaram ter o controlo da residência presidencial, do aeroporto de Cartum e de outras infraestruturas chave. Os militares garantiam ter a residência presidencial segura, mas confirmam a destruição de alguns aviões civis no aeroporto pelas milícias, incluindo uma aeronave das linhas aéreas sauditas.

Esta é uma luta pelo poder no Sudão, que ameaça desestabilizar toda a região.

As Nações Unidas, a União Europeia, a União Africana, a Liga Árabe e e mesmo os Estados Unidos e a Rússia já apelaram a um cessar-fogo.

A Liga Árabe reuniu-se de urgência este domingo de manhã para avaliar a situação, a pedido do Egito e da Arábia Saudita, dois apoiantes da atual liderança militar do Sudão.

O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, mostrou-se chocado e condenou o combate entre irmãos sudaneses em pleno mês sagrado do Ramadão e garantiu que o organismo "está pronto a intervir junto de ambas as partes" para ajudar a "parar o derramamento de sangue imediatamente".

Outras fontes • France Press, AP

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