Milícias armadas atacaram posições chave do regime militar no poder. Há dezenas de mortos também entre as forças de segurança e cerca de 600 feridos em todo o país
Os confrontos entre forças militares e milícias armadas no Sudão já provocaram a morte de pelo menos 56 civis, informou o comité central dos médicos sudaneses. E entre eles há três elementos do Programa Alimentar Mundial (PAM), revelou o enviado especial das Nações Unidas e chefe da missão de transição no país.
Também uma aeronave do organismo afeto às Nações Unidas ficou danificada e dois outros funcionários ficaram feridos.
Volker Perthers condenou os ataques contra membros da ONU e estruturas humanitárias no Sudão, na sequência da morte dos três elementos após os ataques sofridos sábado, no norte do país, e reiterou os apelos ao cessar-fogo nos violentos confrontos entre soldados do regime militar no poder e membros do grupo rebelde paramilitar apelidado “Forças de Apoio Rápido”.
O PAM suspendeu, entretanto, as operações no Sudão
Numa publicação na rede social Facebook, o comitê refere ainda a morte de "dezenas" de elementos entre as forças de segurança, sem precisar um número, e pelo menos 595 feridos por todo o país, incluindo alguns em estado grave.
A maior parte das vítimas foram registadas na capital, Cartum.
O Sudão está a ser palco, este fim de semana, de uma violenta ofensiva pelo poder do referido grupo paramilitar rebelde, formado por elementos da milícia árabe Janjawid e já denunciado por crimes contra a Humanidade pela Human Rights Watch durante a guerra do Darfur.
As milícias anunciaram ter o controlo da residência presidencial, do aeroporto de Cartum e de outras infraestruturas chave. Os militares garantiam ter a residência presidencial segura, mas confirmam a destruição de alguns aviões civis no aeroporto pelas milícias, incluindo uma aeronave das linhas aéreas sauditas.
Esta é uma luta pelo poder no Sudão, que ameaça desestabilizar toda a região.
As Nações Unidas, a União Europeia, a União Africana, a Liga Árabe e e mesmo os Estados Unidos e a Rússia já apelaram a um cessar-fogo.
A Liga Árabe reuniu-se de urgência este domingo de manhã para avaliar a situação, a pedido do Egito e da Arábia Saudita, dois apoiantes da atual liderança militar do Sudão.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, mostrou-se chocado e condenou o combate entre irmãos sudaneses em pleno mês sagrado do Ramadão e garantiu que o organismo "está pronto a intervir junto de ambas as partes" para ajudar a "parar o derramamento de sangue imediatamente".