Água engarrafada está a secar a região francesa de Auvergne

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De  Valérie Gauriat
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Na região de Auvergne, no centro de França, a ira de quem depende da água para viver vira-se contra a Danone, gigante alimentar proprietária da Volvic.

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Édouard de Féligonde orgulha-se de ser proprietário da exploração piscícola de Saint-Genest l'Enfant, a mais antiga da Europa e a única classificada como monumento histórico. Mas este orgulho tem sido ensombrado por uma preocupação crescente. Os riachos da quinta, outrora caudalosos e frutíferos, secaram. 

Acusações contra a Danone

O proprietário da exploração piscícola atribui a culpa desta catástrofe ambiental diretamente à Danone e à sua filial, a Société des Eaux de Volvic. Alega que a exploração das fontes de água locais, desde a aquisição da empresa de águas pelo grande grupo alimentar em 1993, está diretamente relacionada com a secagem dos cursos de água da sua exploração.

De Féligonde afirma: "Desde que o grupo Danone assumiu o controlo da Société des Eaux de Volvic, em 1993, as captações quadruplicaram. É assim que temos, não uma seca como muitos gostariam de fazer crer, mas uma secagem das fontes da propriedade".

Está tão convencido da sua responsabilidade que lançou uma luta legal contra o Grupo Danone e as autoridades públicas que emitem as licenças de bombagem.

A defesa da Volvic e as repercussões comunitárias

Apesar das críticas, a Société des Eaux de Volvic insiste que as suas operações não têm impacto na disponibilidade de água potável. Em 2020, extraiu 2,3 mil milhões de litros de água, abaixo dos 2,8 mil milhões de litros por ano autorizados pelo Estado.

No entanto, as suas garantias pouco fazem para acalmar o descontentamento crescente entre os habitantes locais, especialmente tendo em conta as recentes restrições ao consumo de água potável devido à diminuição dos níveis das águas subterrâneas.

O cervejeiro artesanal Jeff decidiu, por iniciativa própria, reduzir a utilização de água e expressou as suas preocupações, dizendo: "Pergunto-me se poderei fazer este gesto durante muito mais tempo. Porque com as restrições de água, estou a pôr o meu negócio em risco. Quando vejo que os volumes da Danone não são controlados... A mentalidade deles é esgotar o solo, esgotar as pessoas e servir clientes do outro lado do mundo!"

Impacto ambiental

François-Dominique de Larouzière, geólogo da associação de defesa do ambiente PREVA, contesta a ideia de que a descida do nível da água se deve ao aquecimento global. O seu colega, o hidrobiólogo Christian Amblard, constata as consequências ecológicas nefastas.

"Não é exagero dizer que é o início da desertificação da região. Não nos opomos, em princípio, à comercialização da água, mas as prioridades não devem ser invertidas", declarou Amblard.

O futuro de Saint-Genest l'Enfant, e de toda a região de Auvergne, está em jogo enquanto se aguarda uma solução para este litígio.

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