Balanço de vítimas da tempestade "Daniel" na Líbia aponta para mais de 5 mil mortos

Estradas inudadas e prédios em perigo de cair em Derna, na Líbia, devido à tempestade "Daniel"
Estradas inudadas e prédios em perigo de cair em Derna, na Líbia, devido à tempestade "Daniel" Direitos de autor AP Photo/Jamal Alkomaty
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De  Francisco Marques
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A forte chuva da tempestade "Daniel", que já havia devastado parte da Grécia, fez ruir duas barragens líbias e provocou uma tragédia similar a um tsunami invertido

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São imagens devastadoras as que nos vão chegando da cidade de Derna, na Líbia, onde a passagem da tempestade "Daniel" terá provocado mais de cinco mil mortos.

As fortes chuvas precipitaram a rutura de duas barragens e a consequente torrente de água avançou pela região, num género de tsunami invertido rumo ao mar, inundando estradas e arrasando edifícios, deixando inclusive prédios de vários andares em perigo.

O balanço de vítimas, avançado pelo porta-voz do Ministério do Interior do governo que controla o leste da Líbia, refere 5.300 mortos. As autoridades de saúde de Derna falam em pelo menos 2.300 mortos, nesta cidade com cerca de 90 mil habitantes.

As operações de busca estão em curso, mas o difícil acesso a algumas zonas está a dificultar os trabalhos.

Mais de 1.500 corpos foram já recolhidos e metade já tinham sido enterrados até terça-feira. O balanço de vítimas deve agravar-se nas próximas horas. Cerca de 10 mil pessoas estão ainda desaparecidas e pelo menos 40 mil tiveram de ser deslocadas.

Um residente de Derna disse à Almasar TV, da Líbia, que, "infelizmente, talvez 90% da população se tenha afogado". Um outro residente diz estarem "a enterrar corpos em massa". 

"O número de vítimas que chegaram segunda-feira ao hospital vizinho, na zona de Shiha, aponta para cerca de mil mortos, incluindo mulheres, crianças, homens e idosos", detalhou.

A tragédia começou domingo à noite, quando de duas barragens ruíram perante a pressão da forte chuva da tempestade "Daniel", que já havia devastado há uma semana parte da Grécia, onde provocou pelo pelo menos 15 mortos.

Tudo somado à falta de manutenção dos edifícios devido ao caos político e militar que se vive na Líbia há mais de 10 anos, com um governo a controlar o leste e outro o ocidente do pais, a devastação sobretudo em Derna atingiu um nível impressionante. Uma investigação ao sucedido foi aberta.

Dados preliminares apontam para uma primeira barragem, a montante e a cerca de 12 quilómetros de Derna, ter ruído por volta da meia noite de domingo, provocando uma forte pressão sobre uma segunda, já mais próxima da cidade, que também ruiu e soltou uma possante torrente de água, o tal tsunami invertido, que arrastou casas, carros e pessoas para o mar.

AP Photo/Jamal Alkomaty
Perspetiva da cidade de Derna, terça-feira, 12 de setemnbroAP Photo/Jamal Alkomaty

Na Grécia, a águas das cheias provocadas pela "Daniel" há uma semana começam finalmente a recuar e os danos estão a ser avaliados. 

O governo helénico estima que os prejuízos possam chegar aos 2,5 mil milhões de euros, mas alguns economistas estimam já um impacto negativo das cheias na economia grega de 3,5 mil milhões.

A devastação na Líbia, onde já terão morrido mais de 5 mil pessoas, é maior e a capacidade financeira deste país do norte de África fazer face à tragédia em curso é muito mais reduzida do que a grega, logo à partida por não ter o apoio direto da Unio Europeia.

Uma ajuda preliminar de cerca de 480 milhões de euros terá sido prevista para ajudar à reconstrução de Derna e da região a leste de Bengasi, como as cidades de Soussa, Al-Marj e Misrata, que também foram afetadas pelas cheias provocadas pela tempestade "Daniel".

Outras fontes • AFP, AP

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