Presidente da Polónia iniciou consultas pós eleitorais com os partidos para mandatar o próximo primeiro-ministro. Os ultraconservadores venceram eleição, mas perderam a maioria
O líder da oposição na Polónia e grande vencedor das eleições de 15 de outubro pediu esta terça-feira ao Presidente Andrzej Duda que lhe confie rapidamente a missão de formar um novo governo.
O chefe de Estado iniciou, em Varsóvia, as consultas aos diferentes partidos para mandatar o novo chefe de Governo a formar um executivo.
O antigo presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, líder do partido liberal Plataforma Cívica, de centro-direita, não venceu as eleições, mas encabeça uma coligação que lhe garante a maioria do Parlamento e que o confirmou como candidato a primeiro-ministro.
Tusk assume-se pronto e revela pressa após após oito anos de domínio ultraconservador na Polónia.
"Estamos prontos para formar governo. Agradeço aos meus parceiros de coligação por confirmarem a declaração de que o líder do maior partido da oposição nestas eleições tem a difícil tarefa de formar um executivo. Isto depende, claro, do Presidente e das respetivas consultas, mas obrigado pela confiança", afirmou Tusk, entre os líderes das respetivas forças da coligação que lhe garante a maioria no Parlamento polaco.
Ao lado do Plataforma Cívica, estiveram Włodzimierz Czarzasty, do "A Esquerda" e os líderes da aliança Terceira Via: Szymon Hołownia, que lidera o Polónia 2050, de centro-direita, formado há apenas três anos, e Władysław Kosiniak-Kamysz, do centrista Partido Popular.
O partido de Donald Tusk não foi o mais votado, teve 30,7% dos votos, mas a queda acentuada do ultraconservador Lei e Justiça (passou de 43,6% em2019 para 35,4%) permite ao líder do Plataforma Cívica passar a deter a maioria do Parlamento com o apoio de outras duas forças inscritas nos boletins de voto, o "A Esquerda" e a Terceira Via.
Com isso, Tusk pode também assumir em mãos a missão de liderar a reconciliação da Polónia com a União Europeia.
Esta quarta-feira, o candidato a primeiro-ministro viaja para Bruxelas, onde, nos últimos anos, o partido até aqui à frente do governo polaco, o Lei e Justiça, abriu uma ferida nos pilares europeus do Estado de Direito ao tentar uma reforma do sistema judicial que ameaçava deixar os juízes vulneráveis ao poder político.
O Tribunal de justiça da União Europeia considerou em junho a reforma ilegal perante as regras europeias e reconfirmou a multa diária de 500 mil euros que tinha sido aplicada ao governo polaco até que corrigisse a situação e que na altura já tinha ultrapassado os 500 milhões de euros.
A deliberação suspendeu a multa, mas obrigava ao pagamento da dívida contraída e ainda que o país adaptasse a reforma judicial às regras europeias.
Um diferendo que Tusk espera agora resolver.