Oposição na Polónia poderá vir a formar governo de coligação progressista

O líder da Plataforma Cívica, Donal Tusk, pode contar com mais dois partidos da oposição para chegar ao cargo de primeiro-ministro
O líder da Plataforma Cívica, Donal Tusk, pode contar com mais dois partidos da oposição para chegar ao cargo de primeiro-ministro Direitos de autor Petr David Josek/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
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De  Vincenzo GenoveseIsabel Marques da Silva
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A Polónia poderá em breve ter um governo mais progressista e europeísta: o líder da Plataforma Cívica, Donal Tusk, pode contar com mais dois partidos da oposição para chegar ao cargo de primeiro-ministro.

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O partido conservador e nacionalista Lei e Justiça, no poder, venceu as eleições legislativas, mas não deverá conseguir formar uma coligação para ter maioria parlamentar.

Os resultados oficiais parciais divulgados, esta segunda-feira, pela Comissão Eleitoral Estatal, com mais de dois terços dos círculos eleitorais apurados, apontam os partidos da oposição com uma clara vantagem. 

O líder da Plataforma Cívica, Donal Tusk, pode contar com mais dois partidos da oposição para chegar ao cargo de primeiro-ministro e, se assim for, deverá fazer um volte-face.

"Vão definitivamente tentar, em primeiro lugar, colocar a Polónia de novo na luz da democracia. O sistema judicial e a imprensa volatrão a ser livres. E, claro, também serão restabelecidos os direitos das minorias", disse Monika Sus, professora associada da Academia Polaca de Ciências, em entrevista à euronews.

Penso que a Polónia será, mais uma vez, um parceiro fiável no seio da União Europeia. Tentaremos definitivamente ter melhores relações com os nossos vizinhos.
Monika Sus
Professora associada, Academia Polaca de Ciências

Essa viragem poderia ajudara melhorar a relação com a Comissão Europeia e vários Estados-membros críticos das medidas tomadas pelo partido Lei e Justiça que violam os Tratados da União Europeia.

"Penso que a Polónia será, mais uma vez, um parceiro fiável no seio da União Europeia. Tentaremos definitivamente ter melhores relações com os nossos vizinhos", acrescentou a professora Monika Sus.

Gerir coligação diversa

De um governo de centro-direita moderado seria de esperar a manutenção do apoio à Ucrânia, mas a política para gestão comum da migraçãoe asilo a nível da UE poderá continuar a ser um tema delicado.

"Há muitas preocupações no país relacionadas com a migração, mas também com a segurança, com as quais Tusk tem de lidar a nível interno. E sabemos que a sua posição em relação à migração não é necessariamente positiva quando falamos do mecanismo de relocalização obrigatória", referiu Teona Lavrelashvili, analista política no Centro de Política Europeia.

"No entanto, a forma como ele se irá apresentar e a forma como irá envolver-se construtivamente com os decisores europeus será, naturalmente, diferente", acrescentou.

Donal Tusk, que é um ex-primeiro-ministro polaco e ex-presidente do Conselho Europeu experiente, terá de usar toda a sua habilidiade política para gerir uma coligação complexa, com vários pequenos partidos.

"Haverá disputas internas. Mas penso que serão mais relacionadas com questões internas, como por exemplo, o aborto. É claro que cada um dos três partidos é muito mais flexível do que o atual governo sobre aceitar os direitos das mulheres", disse Monika Sus. 

"Mas ainda existem diferenças entre eles, que vão desde a total liberalização até definir novas regras. Mas nem todos querem liberalizar totalmente o aborto", concluiu.

A adesão ao euro tambem é um ponto pouco consensual. Um dos possíveis parceiros da coligação é o Polónia 2050, a data em que este partido gostaria que o país passasse a usar a moeda única, mas os outros parceiros têm dúvidas quanto a este passo.

 A afluência às urnas deverá ter rondado os 74%, o nível mais elevado nos 34 anos de democracia do país e ultrapassando os 63% que compareceram na votação histórica de 1989, que derrubou o comunismo. 

Uma missão de observação internacional limitada, liderada pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa e pelo Conselho da Europa, afirmou que "a elevada taxa de participação histórica demonstrou o empenho dos cidadãos na defesa da democracia na Polónia". 

Mas também apontou o problema da parcialidade da televisão pública, financiada pelos contribuintes, que "demonstrou uma hostilidade aberta em relação à oposição".

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