Pelo menos 22 pessoas morreram em ataques israelistas no sul da Faixa de Gaza, um dia depois de Netanyahu anunciar que a ofensiva militar iria avançar para Rafah. ONU, Estados Unidos e Egito temem consequências de uma operação militar em Rafah.
Pelo menos 22 pessoas, incluindo crianças e mulheres, foram mortas em ataques aéreos israelitas durante a madrugada de sexta-feira, no centro da Faixa de Gaza e na cidade de Rafah, avança a AP.
"Metade da população de Gaza está agora amontoada em Rafah. Não têm para onde ir. Não têm casas e não têm esperança", lamentou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, expressando preocupação pela situação em Rafah.
Ainda na quinta-feira, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu disse que a ofensiva militar vai expandir-se em direção a esta cidade no sul da Faixa de Gaza, perto da fronteira com o Egito.
Em Rafah estão entre 1,5 e 1,9 milhões de civis palestinianos que fugiram de outras zonas da Faixa de Gaza, à medida que os ataques aéreos de Israel e os combates entre militares israelitas e o Hamas se foram alargando.
A cidade, na fronteira com o Egito, está situada numa zona anteriormente proclamada "segura" por Israel. Muitos ativistas dos direitos humanos acusam agora Israel de não manter a palavra.
O comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, alertou na rede social X que as ações israelitas desde outubro podem ser suficientes para se qualificar como crime de guerra, violando a Quarta Convenção de Genebra, relativa à proteção de pessoas civis em tempo de guerra.
Em particluar, Türk cita a "extensa destruição de propriedade, não justificada por necessidade militar e realizada ilegalmente e livremente" levada a cabo pelas Forças de Defesa de Israel.
Washington também garantiu na quinta-feira que não apoiaria uma operação militar israelita em Rafah, sem a existência de um plano para proteger civis.
"Conduzir tal operação neste momento e sem qualquer planeamento ou ponderação numa área na qual se estão a abrigar um milhão de pessoas seria um desastre", alertou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Vedant Patel.
O porta-voz acrescentou que o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, deixou essa posição clara ao primeiro-ministro israelita durante a visita a Telavive.
Uma delegação do Hamas partiu para o Egito na quinta-feira para discutir a proposta de cessar-fogo recusada por Netanyahu.
No início desta semana, autoridades egípcias alertaram Israel de que a fuga de palestinianos para o Egito, em resultado de uma operação em larga escala em Rafah, junto à fronteira, anularia o acordo de paz e deixaram claro que uma situação descontrolada de refugiados é uma linha vermelha.