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Agricultores polacos bloqueiam centenas de passagens na fronteira ucraniana, Kiev ameaça retaliação

Agricultores polacos bloqueiam estradas na fronteira com a Ucrânia em protesto contra a isenção de taxas aduaneiras à importação de produtos ucranianos
Agricultores polacos bloqueiam estradas na fronteira com a Ucrânia em protesto contra a isenção de taxas aduaneiras à importação de produtos ucranianos Direitos de autor  AP Photo
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De João Azevedo
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Agricultores polacos queixam-se de concorrência desleal e impõem bloqueio quase total da fronteira ucraniana. Camionistas ucranianos respondem com obstáculos à entrada de camiões polacos em três pontos fronteiriços. Governo de Kiev ameaça limitar importações de produtos alimentares polacos.

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Os agricultores da Polónia prosseguem a greve geral de 30 dias contra as importações baratas de produtos agroalimentares ucranianos e esta terça-feira intensificaram os protestos, avançando para um bloqueio quase total da fronteira com a Ucrânia. Estão contra o "fluxo descontrolado de mercadorias ucranianas".

No posto fronteiriço de Medyka, manifestantes polacos abriram as carruagens de um comboio para fazer com que os cereais ucranianos caíssem para os carris. O governo da Ucrânia classificou esta ação como uma "provocação política".

A empresa ferroviária estatal da Ucrânia denunciou estes agricultores polacos que despejaram nos carris cereais destinados à Alemanha.

Adrian Wawrzyniak, porta-voz do sindicato dos agricultores Solidariedade, referiu que a ajuda militar à Ucrânia será autorizada, mas que todo o tráfego de passageiros na fronteira - não apenas os camiões - será bloqueado. Os portos e as auto-estradas também serão bloqueados.

Os tratores dos manifestantes exibiam cartazes em que afirmavam que o fluxo de cereais da Ucrânia vai levar os agricultores polacos à falência. 

Dezenas de tratores seguiram em direção a Ryki, 100 quilómetros a sudeste de Varsóvia, de onde partiram para bloquear a via rápida S17 que liga a capital polaca à cidade de Lublin e à fronteira ucraniana. Os agricultores exibiam bandeiras brancas e vermelhas da Polónia nos seus veículos, com cartazes que proclamavam: “a agricultura está a morrer pouco a pouco”.

“Estou aqui para que abandonemos as restrições introduzidas pela União Europeia ao pousio, e o Acordo Verde, e sobretudo para que estes alimentos ucranianos deixem de chegar”, disse à AFP Tomasz Golak, agricultor polaco. “Este ano, o trigo está a ser vendido a metade do preço do ano passado”, acrescenta.

Ucrânia ameaça limitar importações de produtos alimentares polacos

O presidente ucraniano Volodymir Zelesnsky já afirmou que os bloqueios levados a cabo pelos camionistas e agricultores polacos demonstram a "erosão da solidariedade" perante a Ucrânia. 

“Precisamos de decisões comuns, decisões racionais para resolver esta situação”, disse Zelensky.

O presidente da Câmara de Lviv, Andriy Sadoviy, chegou mesmo a chamar aos agricultores polacos "provocadores pró-russos", acabando mais tarde por pedir desculpa pelo comentário.

A Ucrânia está mesmo a considerar a possibilidade de restringir as importações agrícolas polacas, revelaram dois altos funcionários do governo à Ukrainian Forbes.

"Gostaríamos de evitá-lo, mas (...) pode vir a ser necessário", afirmou um dos funcionários sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.

O ministro da Agricultura ucraniano, Mylola Solskiy, já tinha confirmado à Forbes que a retaliação contra a Polónia está em cima da mesa. "Optamos por uma abordagem construtiva, mas é claro que estamos prontos a reagir", afirmou. A decisão poderá ser tomada dentro de duas semanas. 

Agricultores ucranianos respondem na mesma moeda

Ao meio-dia desta terça-feira, os camionistas ucranianos iniciaram ações de protesto que visam impedir os veículos polacos de atravessar a fronteira para a Ucrânia.

As contramanifestações acontecem em três pontos de passagem e estão planeadas até 15 de março. Os camionistas ucranianos exibiram mensagens como  "A Ucrânia perde - a Polónia perde" e "O bloqueio da Ucrânia é uma traição aos valores europeus".

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