Israelitas e militantes palestinianos mostraram-se surpreendidos com declarações do presidente norte-americano sobre um cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza a partir de 5 de março.
Israel e o Hamas desmentiram a possibilidade, avançada pelo presidente norte-americano, de um cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza já nos próximos dias.
Joe Biden disse, no início da semana, que acreditava que a pausa nas hostilidades poderia ser acordada até à próxima segunda-feira.
“O Ramadão está a chegar e houve um acordo dos israelitas de que não iriam levar a cabo atividades durante o Ramadão, de forma a dar-nos tempo para retirar todos os reféns”, afirmou Joe Biden no programa da NBC "Late Night with Seth Meyers". Antes, falando aos jornalistas em Nova Iorque, admitira que um acordo estava "próximo": "A minha esperança é que, na próxima segunda-feira, tenhamos um cessar-fogo".
Mas o chefe da divisão política do Hamas em Gaza, Basem Naim, garantiu que não foi formalmente recebida uma nova proposta de cessar-fogo desde as conversações indiretas da semana passada em Paris, mediadas pelos EUA, Egito e Qatar.
Já as autoridades israelitas, falando sob condição de anonimato, admitiram que os comentários de Biden foram uma surpresa e que não estavam coordenados com as intenções de Telavive, uma vez que o Hamas continua a fazer "exigências excessivas".
Situação humanitária em Gaza continua a piorar
Apesar de o Tribunal Internacional de Justiça ter exigido a Israel, há cerca de um mês, que tomasse as medidas necessárias para melhorar a situação humanitária em Gaza, várias organizações, como a UNICEF, a Cruz Vermelha e a Oxfam, reiteram que as condições só têm vindo a piorar.
O Egito, a Jordânia, os Emirados Árabes Unidos, o Qatar e França lançaram por via aérea toneladas de ajuda humanitária em Rafah e Khan Younis, mercadorias que normalmente passariam pelo posto fronteiriço de Rafah, obrigando centenas de palestinianos a tentarem recolher a ajuda que caía do céu.
A Human Rights Watch veio entretanto acusar Israel de desrespeitar a ordem do Tribunal Internacional de Justiça ao não prestar ajuda humanitária e serviços básicos à população de Gaza, de acordo com as agências internacionais. Para a ONG, Israel está a cometer atos de “punição coletiva” que equivalem a “crimes de guerra”, pode ler-se em comunicado.
No terreno, os militares israelitas têm estado operar na área de Zeitoun, na cidade de Gaza, durante a última semana, onde afirmam ter “encontrado terroristas” e localizado armamento.