Apesar dos elevados níveis de cibersegurança, a Polónia é um dos países que mais ataques sofrem via internet em todo o mundo, e a maior parte vem da Rússia. Instituição que gere o serviço de transporte ferroviário é atacada duas mil vezes por dia. Guerra na Ucrânia agravou a tendência.
A Polónia está muito bem cotada no que toca à prevenção de ameaças no espaço digital, mas também está frequentemente no topo da tabela dos países que mais ataques informáticos sofrem, em particular os ataques do tipo DDoS.
Trata-se da chamada "negação de serviço", ou seja, a tentativa de ocupar os recursos disponíveis de forma a sobrecarregar o tráfego e impedir o funcionamento de todo o serviço na Internet.
"As nossas análises e as informações que recebemos dos nossos aliados e parceiros indicam que a Polónia, em termos de um tipo de ataque - os ataques DDoS -, é um dos países mais atacados do mundo e, periodicamente, chega mesmo a encabeçar a lista", afirma o tenente-coronel Przemyslaw Lipczynski, porta-voz do Exército de Ciberdefesa.
A maioria das ofensivas digitais tem origem na Rússia. Os dados são confirmados por peritos independentes e estão relacionados com a localização geográfica da Polónia e com a guerra na Ucrânia.
Desde a eclosão do conflito, em fevereiro de 2022, a Polónia tem assumido um papel de relevo na ajuda dada aos ucranianos, sobretudo através da logística de transportes.
O Gabinete de Transportes Ferroviários, a instituição que trata das questões regulamentares do transporte ferroviário na Polónia, é atacado 2.000 vezes por dia", adianta Pawel Makowiec, especialista em cibersegurança do CyberDefense24.pl.
!Os russos estão a atacar tudo o que é possível. Olhando para os mapas, a única fonte tão a oeste só pode ser Kaliningrado. Além disso, vale a pena notar que temos interferências na Estónia, na Letónia e um pouco menos na Lituânia", acrescenta.
O especialista alerta que a tendência se vai manter "enquanto a guerra na Ucrânia continuar".
Ciberespaço é teatro de guerra
O ciberespaço tornou-se uma zona de conflito de interesses importante: não só a Polónia mas toda a Europa está a sofrer um aumento do número de ciberataques.
"Observámos um aumento dos ataques contra, por exemplo, académicos e trabalhadores de ONGs que se dedicam a reformular a política. Há que ter em conta que a Europa está muito bem protegida - temos diferentes tipos de quadros jurídicos que asseguram que a partilha de informações e os quadros jurídicos dos Estados-membros têm de ter a mesma linha de base para a cibersegurança", salienta Felix Aime, analista de ciberameaças no portal Sekoia.io.