A Eslováquia volta às urnas, este sábado, para eleger o novo presidente. Ivan Korčok venceu a primeira volta com 42,5% dos votos, Peter Pellegrini conquistou 37%.
A Eslováquia prepara-se para ir às urnas este sábado, na segunda volta das eleições presidenciais.
Num momento crítico para a relação da Eslováquia com a União Europeia e a NATO, as eleições presidenciais de sábado opõem o pró-europeu Ivan Korčok a Peter Pellegrini, um aliado do primeiro-ministro populista e pró-russo Robert Fico.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Ivan Korčok venceu a primeira volta das eleições presidenciais com 42,5% dos votos, já o social-democrata Peter Pellegrini conquistou 37%. O ato eleitoral registou uma taxa de participação recordede quase 52%.
Enquanto o candidato liberal criticou governo pelo isolamento da Eslováquia na UE, Pellegrini centrou a sua campanha na cooperação com o executivo. Pellegrini parece estar em melhor posição para atrair os eleitores nacionalistas de Stefan Harabin, que não passou à segunda volta e teve 11,7%, segundo as agências internacionais.
Porque é que estas eleições são importantes para a UE?
Robert Fico chegou ao poder no outono de 2023 e adotou posições pró-russas na sua política externa, enquanto na sua política interna tentou controlar a radiodifusão pública e minar as instituições independentes: desmantelou o gabinete do procurador anti-corrupção, que estava a investigar membros do seu próprio partido.
A UE manifestou a sua preocupação com a deriva do governo, que pode representar um afastamento dos valores democráticos e uma aproximação a políticas como as da Hungria de Viktor Orbán - um político admirado por Fico.
Embora o papel do presidente eslovaco seja sobretudo cerimonial, a sua capacidade de vetar leis pode funcionar como um contrapeso ao executivo, como fez a presidente cessante, a liberal Zuzana Čaputová, nos últimos meses.
Como é que as eleições influenciam a relação com a UE?
Estas eleições presidenciais são vistas como um teste à posição da Eslováquia na UE. De acordo com as agências internacionais, uma parte da população receia que caso Pellegrini ganhe, este apoie uma política externa pró-russa e práticas internas que possam afastar ainda mais a Eslováquia da UE.
Se Pellegrini não exercer um papel moderador relativamente aos planos do governo, a relação da Eslováquia com a UE poderá deteriorar-se, incluindo a potencial perda de fundos comunitários.
A Eslováquia sob a liderança de Fico
Fico foi primeiro-ministro da Eslováquia em três mandatos diferentes desde 2000 até 2018. As suas posições sociais-democratas iniciais mudaram muito desde que foi forçado a demitir-se em 2018, na sequência do assassinato do jornalista Ján Kuciak, que estava a investigar as ligações do crime organizado ao poder político.
Durante a pandemia, Fico atacou as restrições governamentais e questionou o efeito das vacinas. Nos últimos tempos, tem-se voltado cada vez mais para posições ultranacionalistas, anti-imigração e anti-UE muito semelhantes às de Orbán. Voltou vencer eleições para governar em outubro de 2023.
Fico e as restrições à liberdade de imprensa
As medidas controversas de Fico são vistas pela oposição como uma tentativa de consolidar o seu poder, limitar a independência judicial e restringir a liberdade de imprensa.
A presidente cessante, Caputova, que Fico insultou repetidamente e descreveu como "agente americana" declarou que não se iria candidatar à reeleição, apesar da sua grande popularidade. Isto porque Caputova revelou que não podia aguentar mais cinco anos no cargo devido às ameaças de morte de que ela e a família foram alvo.
Fico repetiu alguns dos boatos da Rússia sobre a Ucrânia ser um "Estado nazi" e pôs fim ao apoio militar eslovaco a Kiev porque "prolongou a guerra", segundo as agências internacionais.
A 2 de março, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslováquia, Juraj Blanar, reuniu-se com o homólogo russo, Sergei Lavrov, na Turquia, suscitando críticas de vários parceiros da UE.
A proximidade do overno de Fico à Rússia originou preocupações quanto à coesão do bloco, especialmente em questões relacionadas com a defesa e a política externa.
Embora a Eslováquia ainda não tenha bloqueado decisões importantes da UE ou da NATO relacionadas com a Ucrânia, a tendência pró-russa da sua política externa levanta questões sobre a fiabilidade da Eslováquia como parceiro.