Ministra da Justiça, Rita Júdice, ordenou auditoria a todos os estabelecimentos prisionais do país após episódio que, diz, revelou "desleixo, facilidade, e irresponsabilidade". Diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais apresentou demissão e já foi substituído.
PUBLICIDADERita Júdice apresentou hoje o relatório preliminar sobre a fuga dos cinco reclusos do estabelecimento prisional de Vale dos Judeus. A ministra da Justiça caracterizou o evento “de uma gravidade extrema” que revelou falhas “graves, grosseiras e que queremos irrepetíveis”.
Durante a conferência de imprensa, Rita Júdice, explicou que a evasão “demorou seis minutos e foram usados recursos, como duas escadas, que não existiam no interior do estabelecimento prisional”.
A fuga foi registada pelos sistemas de videovigilância pelas 9:57, do passado sábado, mas só foi detetada mais tarde. O alerta foi dado a toda a corporação entre as 11:04 e as 11:08, sendo que o sistema de videovigilância estava operacional e “o elemento responsável por monitorizar as imagens estava no seu posto”.
A ministra garantiu que esta foi uma “fuga orquestrada”. “Não resultou do aproveitamento de uma distração, não foi uma fuga oportunista, foi um plano preparado com tempo, com método e com ajuda de terceiros”, afirmou.
“Nos relatos recebidos vimos desleixo, facilidade, irresponsabilidade e falta de comando. Vimos também decisões erradas e ausência de decisões”, afirmou a ministra da Justiça.
Rui Abrunhosa Gonçalves apresentou a demissão
Como consequência, a ministra confirmou que Rui Abrunhosa Gonçalves vai deixar o cargo de diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, para ser substituído por Isabel Leitão, até então subdiretora-geral da DGRSP.
Rui Abrunhosa Gonçalves colocou esta manhã o lugar à disposição de Rita Alarcão Júdice, na mesma reunião em que apresentou o relatório preliminar sobre a fuga dos cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale dos Judeus.
A ministra anunciou também uma “auditoria aos sistemas de segurança dos 49 estabelecimentos prisionais do país” e uma “auditoria de gestão ao sistema prisional”.
"Temos de ter confiança nos equipamentos, nos sistemas de segurança e devigilância", defendeu a ministra, sendo que o resultado deverá ser entregue até ao final do ano.
Abrigo com característias militares encontrado junto à prisão
Quatro dias após a fuga dos cinco reclusos, poucas são as respostas ao caso, numa altura em que os cinco criminosos continuam a monte.
Foi encontrado um abrigo com características militares junto à cadeia de Vale de Judeus que, segundo Pedro Proença, advogado do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, terá sido usado pelas pessoas que ajudaram os reclusos a fugir.
“Esse abrigo foi encontrado, o que significa que estes indivíduos estariam já algumas horas junto ao muro do estabelecimento prisional, escondidos. Terão pernoitado aí”, explicou em declarações aos jornalistas.
Pedro Proença afirmou também que os cúmplices dos fugitivos tinham “preparação militar especial”.
O advogado nega ainda qualquer negligência por parte dos guardas de serviço na prisão, na altura da fuga.
Os fugitivos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer. Têm idades compreendidas compreendidas entre os 33 e os 61 anos.