Milhares de habitantes que fugiram na sequência de uma grande escalada do conflito que dura há décadas chegaram à fronteira ruandesa, enquanto os rebeldes do M23 consolidam o controlo da cidade de Goma.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo, Thérèse Kayikwamba Wagner, disse ao Conselho de Segurança da ONU que "não se pode permitir que o Ruanda continue a atuar com impunidade" e apelou às Nações Unidas para que atue para além da sua condenação e tome medidas concretas de intervenção.
"As palavras não foram suficientes para acabar com o sofrimento humano, a agressão e o ataque a Goma. Chegou o momento de o Conselho de Segurança atuar".
Wagner apelou à retirada dos combatentes irregulares do território congolês soberano.
"Não há caminho para uma resolução sustentável e pacífica sem este passo crucial", afirmou.
Wagner acrescentou que é vital que o Conselho introduza sanções que visem a estrutura de comando das Forças de Defesa do Ruanda "para minar a sua capacidade de travar uma guerra contra a RDC e o seu povo".
O ministro dos Negócios Estrangeiros apelou ainda a um embargo à "exploração e exportação ilícitas de recursos minerais na RDC" por parte do Ruanda, para interromper o financiamento da agressão.
Na terça-feira, os Estados Unidos da América também instaram o Conselho de Segurança a tomar medidas concretas para travar a ofensiva dos rebeldes M23, apoiados pelo Ruanda e constituídos maioritariamente por pessoas de etnia tutsi.
O presidente do Ruanda, Paul Kagame, disse concordar com o governo dos EUA ao apelar a um cessar-fogo no conflito que dura há décadas e a "abordar as causas profundas do conflito de uma vez por todas".
Os rebeldes do M23 parecem ter consolidado o seu controlo sobre a cidade de Goma, a maior cidade do leste do Congo, que afirmaram ter capturado na segunda-feira.
Após a escalada de um dos conflitos mais antigos de África, que deixou vários cadáveres nas ruas e deslocou centenas de milhares de pessoas, a cidade parecia estar relativamente calma na quarta-feira.
Entretanto, milhares de pessoas fugiram, chegando à fronteira do Ruanda.
"Milhões de pessoas foram deslocadas. Milhares de pessoas estão presas na cidade sitiada de Goma, com acesso restrito a alimentos, água, eletricidade e segurança. Perderam-se inúmeras vidas. Já chega", disse Thérèse Wagner.
Os rebeldes do M23 disseram à Associated Press que tencionam criar uma administração na cidade, o que permitirá que as pessoas deslocadas regressem a casa e continuem a viver normalmente.
Os rebeldes são um dos cerca de 100 grupos armados que lutam por uma posição na província de Kivu do Norte, devastada pelo conflito, que inclui Goma e é rica em minerais essenciais para grande parte da tecnologia mundial.