O sindicato dos jornalistas da AFP afirma que os seus colegas em Gaza correm o risco de morrer à fome se não houver uma "intervenção urgente".
O sindicato exprimiu o receio de receber a notícia da morte de qualquer um dos seus jornalistas ou colegas de profissão, referindo que tem "um escritor freelance, três fotógrafos e seis videógrafos freelance", acrescentando que estes são "dos poucos que ainda trabalham no terreno".
Acrescentou num post no X: "Desde a fundação da AFP, em agosto de 1944, perdemos jornalistas em conflitos, alguns de nós foram feridos e capturados, mas ninguém se lembra que um colega que morreu à fome".
Referiu-se também a um post de Bashar Taleb, um dos fotógrafos de Gaza que trabalha com a AFP, no qual dizia: "Já não sou capaz de cobrir os acontecimentos, o meu corpo está magro e não consigo andar, e o meu irmão mais velho caiu no chão de fome".
O sindicato salientou que a crise não está relacionada com dinheiro. Embora os repórteres recebam um salário todos os meses, estes, tal como outros residentes de Gaza, não conseguem encontrar comida para comprar ou têm de pagar valores exorbitantes.
A AFP alertou também para os perigos que os jornalistas enfrentam diariamente, citando uma declaração de uma das suas correspondentes, Ahlam, que disse: "De cada vez que saio da tenda para cobrir um acontecimento, fazer uma entrevista ou documentar um incidente, não sei se voltarei viva".
Desde 2 de março, Israel impôs um bloqueio paralisante a Gaza, no meio de repetidos avisos das agências de ajuda humanitária, de que o risco de fome está a aumentar.
Recentemente, tornaram-se virais nas redes sociais vídeos de jornalistas em Gaza a sofrer de fome extrema, alguns dos quais desmaiaram de exaustão e outros que choraram enquanto faziam reportagens.
Alguns anunciaram a sua vontade de trocar objetos pessoais, como as suas câmaras de filmar, por comida, e outros foram mostrados a beber água com sal para conseguirem ingerir alguma coisa.