Trump diz que os dois se desentenderam porque Epstein recrutou funcionárias de Mar-a-Lago, incluindo a falecida Virginia Giuffre, que acusou o magnata de abuso sexual.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o magnata e criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein "roubou" jovens mulheres que trabalhavam na sua estância de Mar-a-Lago.
Uma dessas mulheres era Virginia Giuffre, uma das mais conhecidas a acusar Epstein de tráfico sexual, disse Trump aos jornalistas a bordo do Air Force One, na terça-feira, quando regressava de uma viagem à Escócia.
Os comentários de Trump vêm juntar-se às declarações que tinha proferido um dia antes, quando afirmou ter banido Epstein do seu clube privado, na Florida, há duas décadas, porque o seu antigo amigo "roubava pessoas que trabalhavam" para ele.
O presidente tem sido cada vez mais incomodado por questões acerca da relação entre os dois, no contexto de protestos contra a recusa, da sua administração, em divulgar mais registos sobre a investigação do governo sobre o tráfico sexual levado a cabo por Epstein, após promessas de transparência.
Teorias da conspiração têm sido frequentes entre parte da base MAGA de Trump, e este tem tentado minimizar ou desviar a atenção, e as perguntas, sobre o caso Esptein.
Trump manifestou a sua frustração pelo facto de as pessoas ainda estarem a falar do assunto seis anos depois de Epstein ter morrido por suicídio na prisão, enquanto aguardava julgamento, criticou alguns dos seus apoiantes e chamou repetidamente ao assunto uma "farsa".
Os seus comentários mais recentes surgiram no momento em que os advogados da ex-namorada de Epstein, Ghislaine Maxwell - condenada por ajudá-lo a abusar sexualmente de meninas menores de idade -, afirmaram que esta está disposta a testemunhar perante o Congresso se lhe for concedida imunidade e outras proteções.
O desentendimento
Enquanto falava com os jornalistas no Air Force One, Trump disse que estava chateado por Epstein estar a "levar pessoas que trabalharam para mim". As mulheres, disse ele, foram "retiradas do spa, contratadas por [Epstein] - por outras palavras, desapareceram".
"Eu disse: 'Oiça, não queremos que leve as nossas pessoas'", afirmou Trump. Quando o caso voltou a repetir-se, o presidente informou ter banido Epstein de Mar-a-Lago.
Na semana passada, a Casa Branca disse que o presidente tinha cortado relações com o seu antigo amigo porque o considerava um "canalha".
Questionado pelos jornalistas se Giuffre era uma das funcionárias recrutadas por Epstein, Trump hesitou, mas depois disse: "ele roubou-a".
Giuffre suicidou-se no início deste ano. Ela alegou que Maxwell a viu a trabalhar como empregada de um spa em Mar-a-Lago em 2000, quando era adolescente, e contratou-a como massagista de Epstein, o que levou aos abusos sexuais.
Embora as alegações de Giuffre não tenham sido incluídas nos processos criminais contra Epstein, ela é fundamental para as teorias da conspiração sobre o caso. Acusou Epstein de a ter pressionado a ter relações sexuais com homens poderosos.
Maxwell em foco
Maxwell - que negou as alegações de Giuffre - está a cumprir uma pena de 20 anos numa prisão federal da Florida por ter conspirado com Epstein para abusar sexualmente de raparigas menores.
No início deste mês, a Comissão de Supervisão e Reforma Governamental da Câmara dos Representantes, liderada pelos republicanos, intimou Maxwell a testemunhar perante os legisladores a 11 de agosto.
Uma porta-voz do comité disse, na terça-feira, que o painel não iria considerar a concessão de imunidade que Maxwell pediu em troca do seu testemunho.
A potencial entrevista faz parte de um interesse renovado e frenético pela saga de Epstein, após a declaração do Departamento de Justiça dos EUA, no início deste mês, de que não iria divulgar quaisquer registos adicionais da investigação.
Numa aparente reviravolta, a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, voltou atrás na ideia de que Epstein mantinha uma "lista de clientes" das elites que participavam no seu tráfico de raparigas menores.
O anúncio repentino surpreendeu teóricos da conspiração e elementos da base política de Trump, entre outros, que esperavam encontrar provas de um encobrimento por parte do governo.
Desde então, a administração Trump tem procurado apresentar-se como promotora da transparência, com o departamento a pedir aos tribunais que revelem as transcrições do grande júri sobre as investigações de tráfico sexual. Na semana passada, um juiz da Flórida rejeitou o pedido, embora pedidos semelhantes estejam pendentes em Nova Iorque.
Por outro lado, os advogados de Maxwell instaram o Supremo Tribunal dos EUA a rever a sua condenação, alegando que ela não teve um julgamento justo.
Dizem também que uma forma de ela testemunhar "aberta e honestamente, em público", seria por via de um perdão por parte de Trump. O presidente disse aos jornalistas que tal ação está dentro dos seus direitos, mas que não lhe foi pedido que o fizesse.
"Ela acolhe com agrado a oportunidade de partilhar a verdade e dissipar os muitos equívocos e declarações erradas que têm assolado este caso desde o início", referiram os seus advogados.