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Bolívia vota em eleições que podem pôr fim a 20 anos de governos de esquerda

Início das eleições na Bolívia, 17 de agosto de 2025
Início das eleições na Bolívia, 17 de agosto de 2025 Direitos de autor  Copyright 2025. The Associated Press. All rights reserved
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De Jesús Maturana
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Mais de 7,9 milhões de bolivianos são chamados às urnas para as eleições presidenciais e legislativas que poderão marcar o fim de duas décadas de poder do Movimento para o Socialismo.

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O Movimento para o Socialismo (MAS), que domina a Bolívia há 20 anos, desde o tempo de Evo Morales, chega a estas eleições fraturado, após intensas lutas internas. O atual presidente Luis Arce, que inicialmente tencionava concorrer à reeleição, acabou por desistir da sua candidatura em maio para "não ser um fator de divisão", após meses de confronto público com Morales.

A situação da esquerda complicou-se ainda mais com a tentativa falhada de golpe de Estado em junho por um grupo de militares, que revelou profundas divisões internas. Arce apoiou o antigo ministro Eduardo del Castillo, que também tem divergências com Evo Morales, como candidato oficial do MAS. Esta fratura levou Morales a considerar que as eleições carecem de legitimidade e a apelar ao voto nulo contra Del Castillo.

Por seu lado, Andrónico Rodríguez, de 36 anos, atual presidente do Senado, representa a principal alternativa de esquerda, depois de ter concorrido com a Alianza Popular, uma lista independente. No entanto, a sua popularidade tem vindo a diminuir e as sondagens mostram-no com menos de 10% dos votos.

A direita quer regressar ao poder após duas décadas

Oito candidatos, todos homens, estão a disputar a presidência numa eleição em que a direita é a favorita, de acordo com as sondagens. Os conservadores Samuel Doria Medina (Alianza Unidad) e Jorge 'Tuto' Quiroga (Alianza Libre) lideram as sondagens, ambos com cerca de 20% dos votos.

Doria Medina, um dos empresários mais ricos do país e um veterano em competições eleitorais, tem uma ligeira vantagem sobre Quiroga, que ocupou a presidência durante um ano após a saída do general Hugo Banzer. Completam o campo da direita Manfred Reyes Villa (Súmate-APB), Rodrigo Paz (PCD), Johnny Fernández (Alianza Pueblo) e Pavel Aracena (ADN).

As previsões apontam para uma segunda volta em 19 de outubro, o que seria um marco histórico, uma vez que a Bolívia nunca precisou de uma segunda volta desde que a Constituição de 2009 introduziu esta possibilidade. Para evitar o segundo turno, um candidato deve obter mais de 50% dos votos válidos ou pelo menos 40% com uma vantagem de dez pontos sobre o segundo colocado.

Processo eleitoral sob tensão política

As eleições estão a decorrer num clima de grande tensão política. O governo boliviano denunciou no sábado uma "guerra suja" nas redes sociais entre os candidatos da oposição e rejeitou as acusações de preparação de uma fraude eleitoral. A Aliança da Unidade, de Doria Medina, acusou o governo de pôr em marcha um "plano fabricado" para acusar o seu partido de fraude.

As assembleias de voto abriram às 08:00 locais e encerram às 16:00 (20:00 GMT), com 3.733 circuitos distribuídos por todo o país. O voto é obrigatório e quem não votar incorre numa multa de 20 por cento do salário mínimo (72 dólares), para além de ser desqualificado para futuras eleições. O voto consular também é permitido em 22 países.

O presidente eleito tomará posse no dia 8 de novembro para um mandato de cinco anos, no que será uma transição crucial para o futuro político da Bolívia após duas décadas de hegemonia do MAS.

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