Manifestações na Alemanha e na Itália para pedir o fim da guerra em Gaza. Mais de 50 mil pessoas marcharam em Berlim. Em Turim, os manifestantes aproximaram-se do aeroporto.
Dia de manifestações pró-Palestina em várias cidades europeias, que culminaram em confrontos na Itália e grandes concentrações na Alemanha, com os participantes a exigirem um cessar-fogo imediato em Gaza e o fim da cooperação militar com Israel.
Confrontos em Turim: "assalto ao aeroporto"
A tarde em Turim foi palco de um protesto não autorizado que visava atingir infraestruturas essenciais. Uma manifestação, que partiu às 15h00 da praça Crispi, dirigiu-se ao aeroporto Sandro Pertini de Caselle, com o objetivo declarado de bloquear o trânsito e chegar às instalações do grupo de defesa Leonardo, localizado nas proximidades.
A manifestação foi então intercetada na estrada em direção ao aeroporto por um grande contingente policial em equipamento antimotim. Na tentativa de romper o cordão de segurança para aceder ao aeroporto, os manifestantes entraram em confronto com as forças da ordem, que responderam com uma carga apoiada pelo uso de hidrantes e gás lacrimogéneo.
Entre os manifestantes, há dez feridos, que receberam assistência numa ambulância auto-organizada. O grupo dispersou-se, procurando caminhos alternativos para contornar o bloqueio.
Ao mesmo tempo, outro grupo de cerca de cinquenta ativistas pró-Palestina, que partiram autonomamente de Borgaro Torinese, chegou às cercas ao lado da pista do aeroporto, perto do cemitério de Caselle. Não podendo aceder à entrada vigiada da fábrica Leonardo em San Maurizio Canavese, os manifestantes optaram por uma paragem simbólica perto do aeroporto.
Mobilização e transtornos em Génova
Também em Génova, o dia foi marcado por duas iniciativas diferentes em apoio à causa palestiniana. À tarde, uma manifestação que partiu da via Fanti d'Italia e se dirigiu a San Benigno causou grandes transtornos ao trânsito em várias áreas nevrálgicas da cidade, incluindo a estação marítima e a via di Francia. O protesto, promovido também pelo Calp (Coletivo Autónomo dos Trabalhadores Portuários), reiterou a posição «contra a guerra e contra a NATO, contra o genocídio na Palestina».
À noite, está prevista uma nova marcha com tochas por Gaza, promovida por Stefano Rebora, da Music for Peace. O evento pretende repetir a grande participação da manifestação anterior, realizada em agosto, em apoio à missão humanitária da Global Sumud Flotilla.
Mais de 50 mil pessoas nas ruas de Berlim
A manifestação mais massiva ocorreu em Berlim, onde cerca de 50 mil pessoas participaram da marcha intitulada «Unidos pela Libertação». O evento, descrito pelas autoridades como «absolutamente pacífico» na sua fase principal, reuniu ONG, ativistas e a comunidade palestiniana, recebendo também o apoio do partido da Esquerda. A marcha terminou na Coluna da Vitória, no centro do parque de Tiegel, com apresentações musicais.
Os manifestantes lançaram um apelo direto ao governo alemão, pedindo a interrupção de qualquer cooperação militar com Israel e o uso de «todas as medidas possíveis» para garantir um cessar-fogo imediato e a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
No entanto, ocorreram tensões numa manifestação secundária no bairro de Kreuzberg, onde foram efetuadas várias detenções por resistência a agentes da autoridade e uso de objetos pirotécnicos, levando à interrupção do comício.
Vários milhares de pessoas também se reuniram em Düsseldorf. A polícia da cidade da Alemanha Ocidental destacou um grande contingente de agentes, mas um porta-voz declarou à tarde que o evento decorreu de forma pacífica. A manifestação atravessou o centro da cidade. Alguns participantes chegaram a Düsseldorf de autocarro vindos de outras partes da Alemanha.
A manifestação foi realizada sob o lema: «Não esqueceremos Gaza – Liberdade para a Palestina e todos os povos oprimidos».
Os protestos de hoje evidenciam uma crescente mobilização internacional que está a pressionar os governos europeus a reverem as suas políticas em relação a Israel devido à guerra em Gaza.