Israel diz que só permitirá a entrada diária em Gaza de 300 camiões de ajuda humanitária e alimentos, apesar de o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas permitir o dobro dessa quantidade.
Uma caravana humanitária com alimentos, combustível e material médico atravessou, na quarta-feira, o posto fronteiriço de Rafah, que liga o Egito a Gaza, segundo o Crescente Vermelho egípcio.
A entrada de ajuda humanitária no enclave foi interrompida na segunda e na terça-feira devido à troca de prisioneiros e de reféns entre Israel e o Hamas e a um feriado judaico.
O comboio, composto por 400 camiões, inclui 5.700 toneladas de alimentos e farinha, mais de 1.400 toneladas de material e equipamento médico e cerca de 2.500 toneladas de combustível, informou o grupo humanitário egípcio.
As emissoras estatais egípcias exibiram imagens dos comboios à medida que atravessavam o ponto de passagem.
Os camiões seguiram para uma zona de inspeção israelita na passagem de Kerem Shalom, antes de serem autorizados a entrar na Faixa de Gaza.
No âmbito da primeira fase do acordo de cessar-fogo, mediado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que entrou em vigor no início desta semana, Israel deveria permitir a passagem de 600 camiões que transportam ajuda para Gaza diariamente, para igualar os níveis pré-guerra.
O organismo de defesa israelita que supervisiona o fornecimento e a distribuição de ajuda humanitária, o COGAT, notificou as organizações responsáveis pelo fornecimento de ajuda de que só permitiria a entrada de metade dessa quantidade por dia.
Não ficou imediatamente claro se o COGAT estava a cumprir, desse modo, as ameaças feitas anteriormente por Israel de reduzir a quantidade de ajuda que entrava no enclave.
Israel ameaçou manter a passagem de Rafah encerrada e reduzir o fornecimento de ajuda, acusando o Hamas de libertar os corpos dos reféns mortos com demasiada lentidão.
O acordo apoiado por Trump estipulava que os restos mortais dos 28 reféns mortos, juntamente com os 20 vivos, deveriam ser libertados até segunda-feira.
O COGAT recusou-se a comentar se a redução das quantidades de ajuda autorizadas a entrar no território palestiniano está ou não relacionada com esse facto, depois de ter sido questionado pela Associated Press.
Grupos humanitários apelaram a Israel para que respeitasse imediatamente os termos do acordo e permitisse a entrada dos 600 camiões diários acordados para auxiliar a população de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza, que necessita urgentemente de alimentos e recursos.
Segundo estes grupos, a ajuda é desesperadamente necessária para reabastecer Gaza de bens de primeira necessidade, dos quais foi privada durante meses, depois de Israel ter limitado o fluxo de ajuda para o enclave para aumentar a pressão sobre o Hamas, uma medida que os grupos humanitários classificaram como um crime de guerra.