Três reclusos da prisão de La Santé, em Paris, foram colocados sob custódia especial devido ao seu envolvimento nas provocações e ameaças contra Nicolas Sarkozy, que está a cumprir pena naquele estabelecimento prisional.
Três reclusos da prisão de La Sante, em Paris, foram colocados sob custódia especial, depois de terem sido partilhadas na Internet, desde terça-feira, imagens que mostram provocações e ameaças feitas ao antigo presidente francês Nicolas Sarkozy, que está atualmente a cumprir uma pena de prisão por uso indevido de fundos provenientes da Líbia.
Num dos vídeos vistos pela Euronews, a pessoa que está a filmar ri-se das provocações feitas ao antigo líder francês, que incluem palavras como "Oh Sarko, acorda" e "tu mataste o Kadhafi".
Noutro vídeo, um recluso diz que Sarkozy "acabou de chegar e que vai passar um mau bocado". "Nós sabemos tudo, vamos vingar Kadhafi", diz a pessoa.
Segundo a procuradoria de Paris, foi efetuada uma busca no local e foram apreendidos dois telemóveis.
As imagens "mostram que há um perigo, evidente, para o detido, o presidente Nicolas Sarkozy, e que devemos prestar especial atenção às suas condições de detenção", disse o ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, na quarta-feira à noite para o canal CNews.
Os três reclusos interrogados sobre os incidentes deverão comparecer em tribunal, segundo informou Darmanin.
"Não vamos correr riscos", sublinhou o ministro francês.
A verdade prevalecerá
Sarkozy, que chegou a Le Sante na terça-feira para cumprir a sua pena de cinco anos por ter conspirado para financiar a sua campanha eleitoral de 2007 com fundos do ditador líbio deposto Muammar Kadhafi, foi destacado para proteção policial permanente.
Kadhafi foi morto por militantes líbios em 2011, após o início de uma guerra civil e uma intervenção da NATO. No entanto, uma teoria da conspiração responsabiliza Sarkozy pela morte de Kadhafi como parte de um encobrimento de corrupção.
O antigo líder francês contestou tanto a condenação como a decisão de um juiz de o encarcerar enquanto aguarda recurso. Os seus advogados disseram na terça-feira que apresentaram um pedido imediato de libertação.
Numa demonstração de desafio e a caminho da prisão, Sarkozy divulgou uma declaração nas redes sociais onde diz que "um homem inocente" estava a ser preso.
"Vou continuar a denunciar este escândalo judicial", escreveu. "A verdade prevalecerá".
Sarkozy disse ao jornal Le Figaro que levaria três livros para a prisão - o máximo permitido - incluindo O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, em que o herói foge de uma ilha-prisão antes de procurar vingança. Também escolheu uma biografia de Jesus Cristo.
"Não tenho medo da prisão. Vou andar de cabeça erguida, mesmo em frente às portas de La Santé", disse ele ao jornal La Tribune Dimanche na semana passada. "Lutarei até ao fim".
Sarkozy tem afirmado repetidamente que é vítima de "uma conspiração" encenada por pessoas ligadas ao governo líbio, denunciando o veredito de 25 de setembro como um "escândalo".