Proteção Civil registou mais de 1.000 ocorrências até às 18:00 de quarta-feira, após a passagem de uma superfície frontal fria em Portugal continental. Inundações e quedas de árvores foram a maioria das ocorrências.
Esta quarta-feira foi de sobressalto em Portugal continental, com a chegada de uma superfície frontal fria que trouxe chuva, vento e trovoada desde a madrugada.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registou 1.069 ocorrências até às 18:00 desta quarta-feira, principalmente em Lisboa e Vale do Tejo e região Centro, segundo fonte oficial à Lusa.
Estiveram envolvidos nas operações 3.990 operacionais e 1.400 meios terrestres.
A ANEPC contabilizou "533 ocorrências em Lisboa e Vale do Tejo, 259 na região centro, 196 na região norte, 77 no Alentejo e quatro no Algarve".
A maior parte das situações estiveram relacionadas com inundações (506), quedas de árvores (246), limpeza de via (140) e quedas de estruturas (129), informou a mesma fonte.
Segundo o Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA), ainda podem esperar-se aguaceiros, por vezes fortes e ocasionalmente sob a forma de granizo até às 6:00 de quinta-feira.
Madrugada de sobressalto
Em várias zonas da grande Lisboa, na madrugada de quarta-feira, foi registada uma sucessão de raios, ilustrada pelos utilizadores nas redes sociais.
A página do IPMA dava conta, às 13:00 desta quarta-feira, de um total de 47.676 descargas elétricas atmosféricas registadas nas últimas 24 horas pela sua rede de detetores no território continental e áreas oceânicas adjacentes. “Um evento com um grau de excecionalidade” disse à agência Lusa um meteorologista do IPMA.
"É uma situação que não é assim tão habitual, a concentração de cargas elétricas foi muita elevada sobretudo na região de Lisboa e do Oeste", observou Jorge Ponte do IPMA em declarações à SIC Notícias.
A precipitação é um desafio para os condutores e o vento intenso deixou marcas, com ramos de árvores encontrados em algumas vias públicas da cidade de Lisboa e arredores.
Só entre as 00:00 e as 12:00, foram registadas 784 ocorrências, avançou a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) à Lusa.
A maioria delas estava relacionada com inundações, bem como quedas de árvores, de estruturas, de pedras e terras, adiantou o oficial de operações José Costa, que deu conta também de "um salvamento aquático".
O Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa recebeu, entre as 04:40 e as 07:45, cerca de 50 pedidos de auxílio na cidade. A maioria das chamadas foi motivada por inundações provocadas pelo temporal.
A E-Redes, empresa de distribuição de energia, tinha cerca de 25 mil clientes sem eletricidade às 12:00. Foram mobilizados 500 operacionais para "dar uma resposta robusta e eficaz" às falhas, anunciou a operadora, que espera "resolver rapidamente todos os constrangimentos".
Às 8:30, atingiu-se um pico de perto de 60 mil clientes sem energia, revelou a E-Redes.
Todos os distritos de Portugal continental, exceto Bragança, estiveram sob aviso laranja na quarta-feira entre as 03:00 e as 09:00 devido à previsão de chuva por vezes forte, tendo depois voltado ao aviso amarelo até às 15:00.
Bragança foi colocada sob aviso amarelo para chuva entre as 6:00 e as 15:00 desta quarta-feira.
Durante a passagem da frente fria, as rajadas de vento poderão atingir 80 quilómetros por hora no litoral e 110 quilómetros por hora nas terras altas das regiões Norte e Centro.
No litoral do país, foi notada uma melhoria a partir das 09:00, sendo que, no interior, houve um alívio das condições meteorológicas pelas 12:00.
Ainda assim, durante a tarde, estão previstos aguaceiros no litoral das regiões Norte e Centro. "Neste período, ainda continuam a existir condições para ocorrência de trovoada e os aguaceiros poderão ser de granizo, sobretudo nas regiões referidas", informa o IPMA.
EStá ainda previsto o aumento da agitação marítima na costa ocidental a partir do final de quarta-feira "com ondas do quadrante oeste de quatro a cinco metros, podendo temporariamente atingir entre os cinco a seis metros entre a noite de quarta e a madrugada de quinta-feira".
Recomendações da Proteção Civil
Perante o mau tempo, a Proteção Civil deixa uma série de conselhos à população, nomeadamente a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais, a afixação de estruturas soltas como "andaimes, placards e outras estruturas suspensas" e "especial cuidado na circulação e permanência junto de áreas arborizadas", com atenção redobrada para a"possibilidade de queda de ramos e árvores".
É igualmente recomendada precaução na circulação junto da orla costeira e zonas ribeirinhas, pedindo-se que não sejam praticadas atividades marítimas ou perto do oceano. As autoridades sublinham a importância de uma "condução defensiva" e da redução da velocidade perante a possibilidade de formação de lençóis de água, devendo ser evitadas as "zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas".
Há, por fim, instruções para a retirada das "zonas normalmente inundáveis de animais, equipamentos, veículos e/ou outros bens para locais seguros".