A polícia espanhola prendeu Wilmer Chavarría, líder do cartel equatoriano Los Lobos, em Málaga. O narcotraficante fingiu a sua morte em 2021 e mudou de identidade para fugir para a Europa.
Wilmer Geovanny Chavarría Barré, conhecido como "Pipo", foi detido no domingo em Málaga, na sequência de uma operação conjunta entre a polícia nacional espanhola e a equatoriana. O presidente do Equador, Daniel Noboa, anunciou a detenção no mesmo dia em que o país realizou um importante referendo sobre medidas para reforçar a luta contra o crime organizado, incluindo o possível regresso de bases militares estrangeiras.
Agentes da UDYCO Central prenderam Chavarría quando este chegou à cidade andaluza vindo de Marrocos, no âmbito da Operação Renacer. O ministro da Defesa equatoriano, John Reimberg, confirmou que o detido é "responsável por pelo menos 400 mortes" e salientou que, a partir da Europa, "ordenou assassínios no Equador", controlou operações ilegais de extração de ouro e coordenou rotas de droga em colaboração com o Cartel de Jalisco - Nova Geração do México.
Fontes do Ministério do Interior espanhol confirmaram que Los Lobos tem **"**capacidade terrorista e influência externa", tendo financiado atentados com explosivos e drones em Guayaquil a partir das prisões. A organização está ligada ao assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, em agosto de 2023.
A história de "Pipo" Chavarría é a de um criminoso que fingiu a sua própria morte para escapar à justiça. Em 2021, durante um massacre na prisão, no meio de confrontos entre bandos rivais e em plena pandemia de Covid-19, Chavarría foi oficialmente dado como morto. A sua morte foi registada em documentos oficiais, o que lhe permitiu "encobrir os seus atos criminosos", segundo o Ministério do Interior equatoriano.
Após a sua suposta morte, Chavarría obteve uma nova identidade na Venezuela com o nome de Danilo Fernández, alegadamente nascido em Maracaibo. Posteriormente, obteve um passaporte colombiano com o qual viajou em 2022 para Espanha, estabelecendo-se em território europeu a partir de onde coordenou o tráfico de droga para o continente.
Los Lobos, a organização que lidera, é atualmente considerada a maior quadrilha criminosa do Equador, após a extradição para os Estados Unidos do líder do seu grupo rival, Los Choneros.
O grupo começou em 2019 como assassinos sob as ordens de Los Choneros, mas separou-se após a morte do então líder. Em setembro de 2024, os Estados Unidos designaram Los Lobos como uma organização terrorista estrangeira e o Departamento do Tesouro dos EUA descreveu o grupo como uma organização com"milhares de membros" que contribuiu significativamente para o aumento da violência no Equador.
Golpe internacional contra o tráfico de droga
O presidente Noboa saudou a detenção como um exemplo de cooperação internacional: "Para combater o crime transnacional, a cooperação internacional é uma necessidade. Estamos a procurá-lo no seu próprio inferno. Hoje as máfias estão a recuar, hoje o Equador está a ganhar".
A captura de Chavarría representa um golpe significativo contra o tráfico de droga regional, especialmente numa altura em que o Equador, durante anos considerado um refúgio pacífico na América Latina, enfrenta uma explosão de violência devido à competição entre gangues com ligações a cartéis mexicanos e colombianos pelo controlo das rotas do tráfico de droga.
Los Lobos mantém ligações diretas com cartéis mexicanos, colombianos e europeus, e tem estado envolvido não só no tráfico de droga, mas também em assassinatos por encomenda, extração ilegal de ouro e ataques terroristas. O grupo usou carros-bomba e drones prisionais para realizar ataques em Guayaquil, demonstrando sua sofisticação operacional e alcance transnacional.
A detenção de "Pipo" constitui um marco na luta do Equador contra o crime organizado, embora o país continue a enfrentar enormes desafios em matéria de segurança num contexto em que as organizações criminosas têm demonstrado uma capacidade crescente de atuar a nível internacional.