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Jair Bolsonaro começa a cumprir 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado

ARQUIVO - O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, na entrada de sua casa, onde está em prisão domiciliar, em Brasília, Brasil, terça-feira, 2 de setembro de 2025
ARQUIVO - O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, na entrada de sua casa, onde está em prisão domiciliar, em Brasília, Brasil, terça-feira, 2 de setembro de 2025 Direitos de autor  Luis Nova/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Luis Nova/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
De Malek Fouda
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O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro começou a cumprir esta terça-feira uma pena de 27 anos de prisão, após ter tentado abrir a pulseira eletrónica com um ferro de soldar.

O antigo presidente brasileiro Jair Bolsonaro começou a cumprir na terça-feira a pena de 27 anos de prisão por ter liderado uma tentativa de golpe de Estado, para surpresa de muitos no país sul-americano que duvidavam que alguma vez fosse parar atrás das grades.

O juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que supervisionou o caso, decidiu que Bolsonaro permanecerá na cadeia depois de ter sido preso preventivamente no sábado.

Apoiantes e detratores do antigo líder reuniram-se à porta da sede da Polícia Federal após a ordem de prisão, com muitos a pedirem a sua libertação e outros a brindarem à sua detenção.

O líder de extrema-direita estava em prisão domiciliária desde agosto e foi detido no sábado, depois de ter tentado quebrar o seu monitor de tornozelo. Bolsonaro culpou "alucinações", uma alegação que de Moraes rejeitou na sua ordem de prisão preventiva.

Alexandre de Moraes e Luiz Inácio Lula da Silva
Alexandre de Moraes e Luiz Inácio Lula da Silva Eraldo Peres/AP

Condições de detenção de Bolsonaro

Bolsonaro não terá qualquer contacto com os poucos outros reclusos na sede da Polícia Federal. O seu quarto de 12 metros quadrados tem uma cama, uma casa de banho privativa, ar condicionado, um televisor e uma secretária, segundo a polícia federal.

Terá livre acesso a seus médicos e advogados, mas outros terão que ter seu acesso aprovado pelo Supremo Tribunal Federal.

Moraes determinou na terça-feira que a defesa de Bolsonaro esgotou todos os recursos de sua condenação. No entanto, os advogados discordaram e prometeram continuar a apresentar pedidos de prisão domiciliária devido ao estado de saúde precário do ex-líder.

O juiz do Supremo Tribunal já decidiu contra, mas essa decisão pode ser revista se as circunstâncias mudarem. "Não há possibilidade jurídica de qualquer outro recurso", disse Moraes em sua decisão.

A lei penal brasileira também poderia ter obrigado o ex-presidente de 70 anos a ser transferido para uma penitenciária local ou para uma sala de prisão numa instalação militar na capital Brasília.

Apoiantes do antigo presidente Jair Bolsonaro protestam frente à sede da Polícia Federal no domingo
Apoiantes do antigo presidente Jair Bolsonaro protestam frente à sede da Polícia Federal no domingo Eraldo Peres/AP

Ex-auxiliares e aliados condenados

O ex-presidente e vários dos seus aliados foram condenados por um painel de juízes do Supremo Tribunal Federal por tentar derrubar a democracia do Brasil após sua derrota nas eleições de 2022.

A conspiração incluía planos para matar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o juiz Moraes. O plano também envolvia o incentivo a uma insurreição no início de 2023.

O ex-presidente foi também considerado culpado de acusações que incluem a liderança de uma organização criminosa armada e a tentativa de abolição violenta do Estado de direito democrático.

Bolsonaro sempre manteve a sua inocência e negou qualquer ato ilícito.

Detratores do ex-presidente Jair Bolsonaro comemoram a sentença
Detratores do ex-presidente Jair Bolsonaro comemoram a sentença Eraldo Peres/AP

Duas outras figuras próximas de Bolsonaro também foram condenadas - Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, ambos generais do Exército, que foram enviados para uma instalação militar na capital Brasília para começarem a cumprir as suas penas.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres está agora preso na penitenciária da Papuda, enquanto o almirante Almir Garnier cumprirá a pena em instalações da Marinha também na capital do Brasil.

O candidato a vice-presidente de Bolsonaro e ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, outro general do exército, também deve permanecer na prisão numa instalação militar no Rio de Janeiro.

Moraes também confirmou que o deputado e ex-chefe da agência de inteligência do Brasil, Alexandre Ramagem, está à solta nos Estados Unidos. O juiz ordenou ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que destituísse Ramagem do seu cargo.

ARQUIVO - Donald Trump e Jair Bolsonaro em 2020
ARQUIVO - Donald Trump e Jair Bolsonaro em 2020 Alex Brandon/AP

Tensões com os EUA

O antigo presidente é um aliado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já apelidou várias vezes o julgamento do ex-líder brasileiro de "caça às bruxas". Bolsonaro foi mencionado numa ordem da administração norte-americana em julho para aumentar em 50% as tarifas sobre várias exportações brasileiras.

As relações entre os dois países melhoraram desde então, com Lula e Trump a reunirem-se na Malásia, durante a cimeira da ASEAN, em outubro. A maioria dessas tarifas mais elevadas foi retirada. Os EUA também impuseram sanções a Moraes e a outros altos funcionários brasileiros envolvidos.

Manifestação contra Trump e Bolsonaro no Rio de Janeiro
Manifestação contra Trump e Bolsonaro no Rio de Janeiro Silvia Izquierdo/AP

As medidas de apoio a Bolsonaro não surtiram o efeito desejado e o julgamento prosseguiu mesmo assim. A popularidade de Lula foi impulsionada pela perceção de que estava a defender a soberania brasileira.

Bolsonaro não é o primeiro ex-presidente brasileiro a ir para a prisão, o seu antecessor Michel Temer e o sucessor Lula também estiveram na prisão. Fernando Collor de Mello, que liderou o país entre 1990 e 1992, está atualmente em prisão domiciliária enquanto aguarda um julgamento por corrupção.

No entanto, Bolsonaro é o primeiro a ser condenado por tentativa de golpe de Estado.

Outras fontes • AP

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